Semana de Combate ao Assédio Moral encerra com palestra sobre prevenção e boas práticas de gestão
A Semana de Combate ao Assédio Moral promovida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-RS) foi encerrada nesta sexta-feira (15/5), com a palestra “Como prevenir o assédio moral e sexual? Conhecendo boas práticas de gestão.” O tema foi apresentado, em transmissão pelo YouTube, pela professora Ana Magnólia Bezerra Mendes, do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social da Universidade de Brasília (UnB), com a mediação do juiz do Trabalho Adriano Wilhelms. A atividade reuniu, ao vivo, mais de 200 espectadores, entre magistrados e servidores do TRT-RS e de outros TRTs, além de participantes de instituições externas.
Pesquisadora e escritora de diversas obras na área, Ana destacou experiências no Laboratório de Psicodinâmica e Clínica do Trabalho da UnB e falou de seu último livro: “Desejar, Falar, Trabalhar”. Segundo ela, “Eu não sou o que dizem que eu sou”; “Trabalhe e cale-se! ” e “Sorria mais e fale menos” são frases tratadas no livro que se repetem nas histórias de assédio moral e que ajudam na identificação do problema.
“O trabalhador chega destruído em sua dignidade, com o sentimento de que não serve para nada, pois há um modelo de produção que impõe metas atingíveis apenas por máquinas. Dessa forma, ele se sente incompetente pelo fato de ser humano”, disse.
Na opinião da professora, quando as vítimas desses padrões de produção buscam auxílio são ignoradas, o que constitui um dos maiores problemas da atualidade, no Brasil: o fato de que não há espaços de escuta para os trabalhadores nas organizações. “As demandas do trabalhador são desqualificadas e é comum que se diga “Seja forte, isso é bobagem! ”, ou coisas do tipo, que sequer representam respostas. Quando temos alguém que responde, isso é tranquilizador do ponto de vista psicológico. É importante não deixar o outro sem resposta, ainda que ela não seja a que ele espera”, considerou.
As formas de prevenir o adoecimento dos trabalhadores também foram tratadas. Para a professora, é importante que empresas e gestores não reproduzam os imperativos de performances que desconsideram o indivíduo e os modelos de “colonização” e “feudalismo”, que recriam no âmbito organizacional as diferenças de classes sociais. De fundamental relevância, ainda, indicou a necessidade de criação de espaços para a escuta do trabalhador.
Por fim, respondendo a questionamentos do público, Ana falou do trabalho em plataformas digitais: “Chegou para ficar e é preciso humanizá-lo. Não tem sentido o trabalhador responder mensagens às 20h se a jornada era até às 19h. O trabalho é do campo social, não pode invadir nossa vida privada”, concluiu.
As palestras estão disponíveis no canal do Núcleo Ead da Escola Judicial (EJud4) no YouTube.
A semana temática foi promovida pelo Comitê de Combate ao Assédio Moral do TRT-RS, com a parceria da EJud4 e do Sintrajufe/RS.
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