Exposição em homenagem ao juiz Lenir Heinen entra em cartaz no Foro Trabalhista de Porto Alegre
A exposição “Das roupas velhas do pai” foi inaugurada, na sexta-feira (4/10), no Foro Trabalhista de Porto Alegre (Av. Praia de Belas, 1432). A mostra é uma homenagem ao juiz do Trabalho Lenir Heinen, falecido em 2013. Ela está em exibição na galeria que leva o nome do magistrado e pode ser visitada até o dia 24 de outubro.
Organizada por sua filha, a designer Carol Heinen, a exposição reúne 16 obras que transformam peças de vestuário de Lenir em manifestações de afeto.
Ressignificação
Na cerimônia de abertura da mostra, a artista destacou que a partida de uma pessoa que amamos não é apenas um momento de tristeza, mas também de muito aprendizado e ressignificação. “Foi me apegando ao que ficou de bom, às memórias, e as transformando em amor, que consegui e consigo até hoje transmutar o luto”, declarou.
O texto de abertura da mostra é assinado pela professora de moda e escritora Madeleine Müller. Ela destaca que a artista Carol Heinen deu voz à saudade de Lenir, honrando sua vida e ressignificando suas peças para parentes e amigos. “Fez esses afetos circularem, levando e preservando as memórias do pai como sementes para outras primaveras, ao invés de deixá-los trancados num armário”, ressaltou.
Inspiração
Carol, que cresceu vendo seu pai sempre de camisa e gravata, guardou diversas peças de roupa dele após sua partida. Inspirada pela música "Guri", de João e Júlio Machado, e por um desejo de manter vivas as memórias, ela transformou essas roupas em "abraços" para familiares e amigos próximos.
A artista
Formada em Design Gráfico, Jornalismo e Imagem Publicitária, Carol Heinen vem traçando seu caminho dentro da comunicação. Sua familiaridade com o fazer manual — herança de família — e todo o conhecimento de projeto adquirido com o design, além do amor pelas cores e imagens a levaram a experimentar outros projetos.
Começou transformando papel em objetos, cartazes e cartões. Ainda criança, passou a traduzir luz e tempo em fotografia e, mais tarde, tecidos, cores e linhas em bolsas coloridas.
A partida do seu pai a fez traduzir a saudade ainda mais na produção de tudo que pudesse tornar-lhe a vida mais leve e poética.
Somados a isso, a pandemia, Mari Kondo, Os Minimalistas, o flerte com o design de moda do RS, a preocupação com a sustentabilidade, algumas poucas viagens a lugares mais distantes e um coração mais tranquilo a fizeram ver a beleza muito além do material e a tornaram uma entusiasta do design emocional.
Lenir Heinen
O juiz Lenir Heinen ingressou na magistratura em 1992, como juiz substituto, e foi promovido, em 1995, a juiz titular da 2ª Vara do Trabalho de Rio Grande. Atuou na Vara de Trabalho de Camaquã de 1998 até 2000, e a partir deste ano assumiu a 7ª Vara do Trabalho de Porto Alegre. Em 2013, passou a atuar como convocado na 7ª Turma Julgadora do Tribunal, na cadeira do desembargador Flavio Portinho Sirangelo.
Em 31 de agosto do mesmo ano, foi vítima da queda de uma árvore no Parque Farroupilha, na Capital.