Fórum Aberto de Educação Antirracista encerra com debates sobre os impactos do racismo recreativo
Após uma manhã de reflexões sobre apropriação cultural e racismo religioso, o 7º Fórum Aberto de Educação Antirracista do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-RS) encerrou suas atividades na tarde desta sexta-feira (7/11) com rodas de conversa dedicadas ao debate sobre racismo recreativo — uma forma de discriminação que se disfarça de humor, mas reforça estereótipos e desigualdades.
O evento, realizado no Plenário Milton Varela Dutra, foi promovido pela Escola Judicial (EJud-4), pelo Comitê Gestor de Equidade de Gênero, Raça e Diversidade e pelo Coletivo de Servidoras e Servidores Negros do TRT-RS.
As atividades da tarde, por meio de rodas de conversa, se dividiram em dois eixos complementares:
Racismo recreativo e seus impactos na saúde mental (mediação da psicóloga Glaucia Maria Dias Fontoura);
Racismo recreativo: aspectos jurídicos (mediação da professora Isadora Trajano).
Debate em duas rodadas
As rodas ocorreram em duas rodadas consecutivas, com o público se revezando entre os grupos.
A dinâmica começou com uma exposição teórica breve das mediadoras convidadas, seguida pelo debate.
As conversas se basearam em perguntas norteadoras que estimularam reflexões sobre os impactos do racismo recreativo na saúde mental e sobre os desafios jurídicos para o seu enfrentamento.
Sínteses
Após as rodas, o público retornou ao plenário para acompanhar as sínteses das discussões.
A servidora Gladis Cárita Marques apresentou o relato da roda sobre o tema “Racismo recreativo e saúde mental”, e Olívia Cunha expôs a síntese da roda “Racismo recreativo: aspectos jurídicos”.
Racismo recreativo e saúde mental
Gladis destacou que a roda de conversa evidenciou o quanto o racismo atinge a dimensão emocional das pessoas e como essas marcas atravessam gerações.
Ela relatou que surgiram momentos de partilha de dores e de fortalecimento coletivo, com relatos de pessoas que sofreram agressões por traços físicos e de uma jovem participante do Projeto Pescar, cuja fala a emocionou pela consciência e coragem com que enfrenta o racismo com apoio da família.
A servidora também mencionou que o grupo refletiu sobre apropriação cultural e a facilidade com que a branquitude se apropria de símbolos e saberes negros, reforçando a importância de estar atento e saber reagir.
Ao final, elogiou o formato das discussões, que considerou mais dinâmico e produtivo, e agradeceu pela oportunidade de aprendizado.
Racismo recreativo: aspectos jurídicos
Olívia Cunha relatou que o grupo discutiu os aspectos jurídicos do racismo recreativo a partir da pergunta “Quem é você numa situação de racismo?”.
Segundo ela, as falas mostraram como piadas e comentários racistas ainda são naturalizados em diferentes espaços, inclusive na escola e nas redes sociais, e como muitas pessoas têm dificuldade de reagir, seja por medo ou por falta de apoio institucional.
Foram discutidos ainda o privilégio branco diante dessas situações e experiências de escolas que vêm adotando práticas antirracistas.
Entre as sugestões de enfrentamento, destacou-se a importância da educação antirracista, da criação de ouvidorias para denúncias, do engajamento em conteúdos positivos nas redes e de protocolos institucionais para lidar com casos de racismo.
Para Olívia, o debate foi rico e plural, reunindo diferentes perspectivas e idades, e contribuindo para aprofundar a reflexão sobre o tema.
Apresentação artística
Ao final, o grupo Afro-Sul Odomodê, que completa 50 anos de trajetória, apresentou músicas e danças da cultura afro-brasileira, encerrando o Fórum com uma homenagem à ancestralidade e à resistência negra.
Com sua sétima edição, o Fórum Aberto de Educação Antirracista reafirma o compromisso do TRT-RS com a educação para a equidade racial e com o enfrentamento do racismo em todas as suas formas, dentro e fora das instituições públicas.


