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Publicada em: 23/05/2019 16:21. Atualizada em: 14/05/2020 17:10.

Roda de conversa reúne alunos do Projeto Pescar e lideranças de quilombos urbanos no Foro Trabalhista de Porto Alegre

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O Memorial da Justiça do Trabalho do Rio Grande do Sul promoveu, na tarde da última terça-feira (21), uma roda de conversa dirigida aos alunos do Projeto Pescar. Intitulado de “Os povos territorializados e a luta contra o racismo: direito à terra e respeito à vida!”, o evento aconteceu no Foro Trabalhista de Porto Alegre e contou com a presença de representantes de quilombos urbanos de Porto Alegre, além de estudantes e profissionais envolvidos na luta por espaço e direitos dos negros no Brasil.

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A conversa começou com Tamires Dias Quadros, estudante de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e consultora na ONG Themis - Gênero, Justiça e Direitos Humanos, falando sobre assuntos estruturais da sociedade que trouxeram a população para a realidade atual. A jovem destacou que uma grande parcela da população negra e pobre ainda não tem acesso à educação superior e que isso é o reflexo de uma sociedade que permanece discriminando pessoas pela aparência. Tamires também salientou o preconceito que ainda existe em universidades e instituições acadêmicas em relação às cotas e os constrangimentos causados por comentários racistas feitos até mesmo por professores. “Não é questão de se vitimizar ou de 'mimimi', é sobre as oportunidades que nos foram dadas baseadas no projeto de nação que vivemos”, afirmou a estudante.

Responsável pela liderança do Quilombo Lemos, Sandro Lemos começou sua palestra contando a história da tentativa de reintegração de posse da sua casa e as dificuldades enfrentadas pela família em relação ao racismo e à luta por direito às terras. Ele enfatizou a importância de conversar com as crianças de comunidades – brancos e negros, pobres e menos favorecidos – sobre as histórias que os familiares passaram para proporcionar uma inclusão na sociedade. “Esses tipos de preconceitos são as coisas que fazem a gente refletir e dão forças para continuar lutando pelos nossos direitos”, enfatizou.

Também responsável pela liderança de um Quilombo – o da Família Flores, na zona sul de Porto Alegre –, Geneci Flores trouxe para a roda sua história de vida e, assim como Sandro, falou sobre uma tentativa de despejo sofrida pela família. Uma rede de escolas exigiu que Geneci e seus três filhos deixassem sua casa para a construção de um estacionamento no local. Ainda durante sua fala, ela lembrou que seu pai era curandeiro e realizava o plantio de ervas para produzir chás e remédios caseiros, sendo as terras, por essa razão, fundamentais para as diversas ações em prol da comunidade. Geneci encerrou com uma mensagem aos alunos do Projeto Pescar: “Se o jovem soubesse a força que tem para mudar as leis, o mundo seria um lugar melhor e de mais igualdade”.

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Abayomi Mandela Silva Felix, engenheiro florestal com mestrado em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília, também participou da atividade e falou para os alunos do Projeto. Além de contar sua história e a origem do seu nome – “aquele que traz felicidade”, em iorubá –, Abayomi explicou aos jovens o conceito de quilombo na história do Brasil e apresentou seu próprio entendimento do termo: “pra mim, quilombo é qualquer moradia com pessoas negras reunidas”.

Fechando as apresentações, a também estudante de Direito da UFRGS Ariele Lima destacou a importância da luta pelos direitos dos negros e incentivou os jovens a não desistirem da educação. Ariele trouxe temas importantes como o genocídio e o encarceramento de negros no Brasil, os estupros sofridos por mulheres negras ao longo da história do país para embranquecimento da população e a disparidade do número de acadêmicos negros nas universidades públicas, entre outros. “A sociedade brasileira é constituída por esse mito da democracia racial, de que todas as etnias vivem em comunhão, sem nenhum conflito”, avaliou. Além de advogar a favor de causas sociais, Ariele também é cantora, escritora, mc, militante do coletivo Alicerce e do projeto Negro e Popular. A estudante prendeu a atenção dos estudantes ao recitar um poema de sua autoria sobre os assuntos discutidos durante a ocasião.

A diretora do Foro Trabalhista de Porto Alegre, juíza Anita Job Lübbe, também esteve presente no encontro. Ela abriu o debate agradecendo a presença de todos e declarou, em sua breve fala, a necessidade de mostrar e ensinar as pessoas sobre o significado da luta pelo direito das terras: “O que a gente quer trazendo pessoas como essas, que têm experiências de vida, para falar com vocês é mostrar que vocês estão no início e podem fazer da vida o que quiserem, independente do nível financeiro e suas origens”.

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Fonte: Texto e Fotos de Leonardo Fidelix e Tainá Flores
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