O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS) registrou um expressivo aumento no número de mulheres em cargos de gestão, em 2022. No ano passado, o TRT-4 contabilizou 238 gestoras, ou seja, 47,3% de um total de 503 funções de gestão. O número representa um crescimento de 48% em relação a 2021, quando as mulheres gestoras eram 161.

Para a juíza Mariana Lerina, que coordena o Comitê de Equidade de Gênero, Raça e Diversidade do TRT-4, a ampliação é um importante reconhecimento de que as mulheres têm a capacidade de ocupar espaços com maior visibilidade, responsabilidade e remuneração no poder público e na sociedade. A magistrada aponta que os dados também impactam positivamente para a naturalização da presença das mulheres em cargos que, via de regra, são ocupados por homens.

Apesar do incremento, Mariana afirma que as gestoras e os gestores públicos devem atentar para uma administração cada vez mais plural, voltada às diferenças. “Vivemos em uma sociedade machista. Os espaços devem estar preparados para reconhecer as lideranças femininas. É uma questão de conscientização e qualificação”, destaca. 

Para ela, as mulheres ainda precisam enfrentar estereótipos, mesmo ocupando cargos de gestão. “As mulheres estão concentradas em áreas mais humanas e sociais, enquanto os homens têm uma presença maior em áreas como finanças e orçamento. É uma questão estrutural da sociedade”, pondera. Outro ponto, levanta Mariana, é que as mulheres ainda são vistas como responsáveis pelo cuidado da família. “Muitas servidoras gostariam de ocupar cargos de gestão, mas não têm disponibilidade”, analisa.

Conforme o presidente do TRT-4, desembargador Francisco Rossal de Araújo, o dado mostra que o discurso em prol da igualdade de gênero é colocado em prática na instituição. “Acredito ser papel de um Tribunal Regional do Trabalho dar exemplo em termos de igualdade entre homens e mulheres, que é o grande objetivo da comemoração desta data. Estamos muito orgulhosos deste equilíbrio”, destaca.

Dados de 2022 da Secretaria de Gestão de Pessoas (Segesp) do TRT-4 também mostram paridade no preenchimento de cargos entre mulheres e homens. Ao todo, são 3.074 servidores, dos quais 1.609 homens (52,3%) e 1.465 mulheres (47,7%). De um total de 284 magistrados, 141 são mulheres (49,6%) e 143 (50,4%) homens. As mulheres representam a maior parte dos 59 estagiários, com 35 vagas (59,3%), enquanto os homens ocupam 24 postos (40,7%).

Por outro lado, permanece baixo o número de mulheres que se identificam como negras, pardas e amarelas. Há 42 servidoras identificadas como negras, 38 pardas e quatro amarelas. Entre as magistradas, três se declaram pardas. Não há juíza ou desembargadora identificada como negra ou amarela. O quadro também conta com cinco estagiárias pardas e uma negra.