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Publicada em: 15/03/2022 10:56. Atualizada em: 15/03/2022 11:18.

Magistradas registram percepções sobre o exercício da magistratura pelas mulheres ao longo do tempo

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Início do corpo da notícia.

Uma delas atua há 28 anos como juíza do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS) e a outra desde outubro de 2021. Algumas situações são as mesmas e outras mudaram radicalmente. Conheça as juízas Eny Ondina Costa da Silva e Fernanda Schuch Tessmann e os relatos sobre o exercício da magistratura e as mudanças sociais que envolvem as mulheres.


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“Ingressar na magistratura me encheu de alegria e, talvez, seja este o motivo de eu seguir até hoje em atividade”

Dra. Eny.jpeg"Ingressar na magistratura me encheu de alegria e, talvez, seja este o motivo de eu seguir até hoje em atividade. Ingressei na magistratura em 1994, minha turma de concurso era formada por dez mulheres e dez homens, aparentemente no mesmo patamar de igualdade.

Nunca sofri por parte dos colegas, promotores e advogados tratamento diferenciado pela minha condição feminina, mas em audiências era comum que reclamantes e prepostos se dirigissem aos vogais e secretários masculinos, quando estavam prestando depoimentos, como negação de que fosse uma mulher que os estava interrogando.

Morei um ano em Ijuí, por ocasião da minha promoção, a partir de janeiro de 2000, e não podia me relacionar com ninguém, pois era a única juíza do Trabalho na comarca e teria que me declarar suspeita caso algum deles passasse à condição de parte em eventual processo. Foi um ano de muita abnegação e solidão. O que acredito não ter havido alteração. Salvo a observação de que as próprias mulheres tenham se tornado mais leves, menos sisudas, se dado mais direitos de terem suas vidas com menos restrições, inclusive na vida comunitária. 

Com os juízes homens a diferença crucial é a do esporte, pois há muito tempo podem participar de treinos e jogos, na comunidade, sem sofrerem a imputação da condição de amigos dos demais participantes. Também em sala de audiência se identificam como gremistas ou colorados sem perderem a isenção e afastamento necessários ao ato solene. Enquanto que para as mulheres a exigência de afastamento é muito maior."

"Vejo com alegria e esperança o crescente aumento do percentual de mulheres na magistratura e em outros cargos públicos" 

Fernanda Schuch Tessmann é uma das juízas que tomou posse recentemente na Justiça do Trabalho gaúcha. Ela ingressou nos quadros do TRT-4 em outubro de 2021, via processo de remoção, oriunda do TRT-23. 

"Vejo com alegria e esperança o crescente aumento do percentual de mulheres na magistratura e em outros cargos públicos - ambientes considerados há pouco tempo como universos masculinos. Em razão de habilidades femininas como cuidar do lar e da família, administrar várias tarefas ao mesmo tempo e solucionar conflitos com flexibilidade e intuição, as mulheres trazem sensibilidade e empatia às instituições, valores muito desejáveis para o Judiciário e o Poder Público em geral. dra. Fernanda .jpeg

Nunca sofri distinção direta pelo fato de ser mulher, sempre consegui ter bom trato com as partes e advogados. Mas, em raras ocasiões, senti dificuldades que me fizeram refletir se o comportamento do meu interlocutor seria o mesmo caso estivesse diante de um magistrado homem. Também já ouvi relatos de colegas no mesmo sentido.

Embora já tenhamos avançado, a vulnerabilidade de gênero ainda está presente em nossa sociedade, sendo mais evidente em classes sociais inferiores e com menor nível de escolaridade. As mulheres ainda são vistas no meio social como fragilizadas, subordinadas e dependentes; são vítimas de violência doméstica; sofrem restrições para acesso ao estudo e ao trabalho; recebem remuneração menor do que os homens; cumprem dupla jornada, conciliando as obrigações profissionais com as tarefas domésticas e responsabilidades familiares.

Desejo que essa data sirva de inspiração, para relembrar todas as conquistas já alcançadas, mas principalmente para não perder de vista tudo que ainda podemos avançar na luta pela igualdade de gênero."

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Fonte: Sâmia de Christo Garcia (Secom/TRT4).
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