3º Fórum Antirracista do TRT-RS disponibiliza quatro videoaulas sobre o mundo racializado
A programação do 3º Fórum Aberto de Educação Antirracista do TRT-RS oferece aos participantes a atividade “O mundo racializado: um diálogo sobre as estruturas”. São quatro videoaulas que abordam o racismo pelo viés econômico, psicológico, histórico e do direito. O acesso está disponível na plataforma EaD da Escola Judicial (EJud4) até 9 de dezembro.
O primeiro vídeo, intitulado “Trabalho doméstico e escravização no contexto brasileiro atual”, é ministrado pela professora Jordana Cristina de Jesus, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Especialista em trabalho doméstico no Brasil, ela apresenta o panorama da profissão a partir do caso do menino Miguel, que caiu do sexto andar de um prédio residencial de luxo, onde sua mãe, Mirtes, prestava serviços em plena pandemia. A professora ainda explica que uma a cada cinco mulheres negras ocupadas trabalham no âmbito doméstico e que existem muitos casos de trabalhadoras que passam cerca de quatro décadas submetidas a uma vida análoga à escravidão. Para Jordana, todos devem ter uma posição antirracista para que a sociedade possa “remar” para uma direção mais igualitária.
“As estruturas econômicas e o racismo na sociedade brasileira” é a segunda videoaula, realizada por Daniel da Silva Teixeira, diretor-executivo do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade (CEERT). Com atuação no combate ao racismo institucional, o especialista explica como a subvalorização do trabalho da população negra se desenvolveu por séculos no Brasil. Ele traz as principais iniciativas que uma empresa pública ou privada deve adotar para um ambiente com mais igualdade etnico-racial.
Na terceira produção, a professora Fernanda Stanislau, da Faculdade Pitágoras, de Fortaleza (CE), liderou o painel “Estruturas globais de uma sociedade racializada”. Especialista em Direito Constitucional, com foco nas relações raciais, a docente elucida como foi o embasamento formal da superioridade branca realizada por intelectuais, que justificou o Racismo Científico. Para Fernanda, é preciso abandonar a ideia de que a presente estrutura social é natural, pois ela é uma continuação da escravidão.
Ao final, a compositora, slammer, poeta e pesquisadora de narrativas audiovisuais Tatiana Nascimento conversa sobre “Racismo e subjetividade”. Em um tom intimista, a escritora propõe que pessoas brancas pensem por que no ambiente de trabalho as pessoas negras são sempre responsáveis por trazer resposta e insights sobre o antirracismo. Dessa forma, a associação entre raça, racismo e negritude é constante, como se fosse algo que a população negra tem o dever de realizar.
Além disso, ela sugere que a população branca analise seu papel social, até mesmo pessoas a favor da causa, para entender de que forma os “benefícios do racismo” incidem sobre a raça branca e como esses efeitos são mascarados.