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Publicada em: 04/10/2019 09:47. Atualizada em: 04/10/2019 18:31.

Roda de conversa com pessoas com deficiência inaugura exposição "Tantos Uns" no Foro Trabalhista de Taquara

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48837819566_68110f0f11_k.jpgFoi aberta na noite da última quarta-feira (2/10), no Foro Trabalhista de Taquara, a exposição fotográfica "Tantos Uns", que retrata em fotos artísticas pessoas com deficiência em diferentes situações do cotidiano. A mostra pode ser visitada até 1º de novembro, no saguão do prédio (Rua Federação, nº 1870, Bairro Morro do Leôncio), de segunda a sexta-feira, das 10 às 18h. 

Na mesma ocasião, ocorreu uma roda de conversa sobre inclusão de pessoas com deficiência. Como participantes, estiveram presentes a assistente social, integrante do coletivo feminista Helen Keller de Mulheres com Deficiência e presidente da Associação Gaúcha de Distrofia Muscular (Agadim), Fernanda Vicari; a fotógrafa integrante do Grupo 35mm e servidora do TRT-RS, Maria Clara Adams; e a psicóloga, integrante do coletivo feminista Helen Keller de Mulheres com Deficiência e conselheira nacional de saúde, Vitória Bernardes.

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As atividades tiveram o apoio do Comitê Gestor de Equidade de Gênero, Raça e Diversidade do TRT-RS e do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal do Rio Grande do Sul (Sintrajufe-RS).

Ao dar início às atividades, a assistente social Fernanda Vicari informou que aproximadamente um quarto das mulheres brasileiras possuem algum tipo de deficiência, e que, dentro da população com deficiência, elas são a maioria. Apesar disso, como ressaltou a participante, os homens com deficiência ainda ocupam majoritariamente cargos dentro das instâncias de militância. "O recorte de gênero não é pautado dentro do movimento das pessoas com deficiência, embora devesse ser, por diversas razões", avaliou.

Conforme estimativas trazidas pela palestrante, de 40 a 68% das mulheres com deficiência sofreram algum tipo de abuso sexual na juventude. No entanto, como destacou, o canal de denúncias por telefone da violência contra a mulher não pode ser utilizado por pessoas surdas e as delegacias de polícia não possuem intérpretes de libras, que possibilitariam a formulação das queixas. "A questão da acessibilidade é sempre tratada de maneira muito simplista. Sempre se resolve tudo com a implantação de uma rampa. Fazer uma rampa dá mais visibilidade do que oferecer um intérprete de libras", criticou.

Na avaliação de Fernanda, mesmo dentro dos movimentos feministas ainda não existe um entendimento correto sobre a questão da deficiência. "A nossa invisibilidade ainda é muito grande, mesmo nesses espaços", lamentou.

O ponto de vista é compartilhado pela psicóloga Vitória Bernardes. Segundo ela, não se trata de uma crítica ao movimento feminista ou ao movimento de pessoas com deficiência, mas sim do entendimento de que esses são espaços de disputa política, e que as mulheres com deficiência também querem disputar. "Na verdade, não queremos ser pautadas pelo movimento feminista, queremos construir juntas a pauta", resumiu.

Como explicou Vitória, a deficiência sempre foi associada a questões negativas, como o castigo divino ou até mesmo à morte, e essas visões fundamentam as chamadas atitudes capacitistas, ou seja, discriminações e violências baseadas em um parâmetro de capacidade ou incapacidade, conforme a limitação do corpo que apresenta alguma deficiência. "Sempre houve a ideia de que esses corpos valem pouco", declarou. "Então, se eu não sou capaz de andar, também não serei capaz de me posicionar, de agir politicamente. A minha identidade como pessoa resume-se ao fato de não poder andar", ilustrou.

Exposição

A fotógrafa e servidora do TRT-RS, Maria Clara Adams, manifestou, em sua explanação, gratidão pela oportunidade de participar da construção da mostra. "Foi um processo difícil, porque não tínhamos contato com pessoas com deficiência. Mas quando começamos a conversar com os colegas, aprendemos muita coisa. Se livrar de preconceitos é um processo lento, e que só é possível quando nos abrimos ao novo", avaliou. "Eu hoje digo que não sou PCD (pessoa com deficiência), mas sim PCP (pessoa com preconceito), e tento me livrar desses preconceitos diariamente", declarou.

A presidente do TRT-RS, desembargadora Vania Cunha Mattos, ao inaugurar a exposição em Taquara, destacou que a iniciativa tem o papel de mostrar as diferenças. "Todos nós somos diferentes, e por isso mesmo todos somos essenciais", refletiu a magistrada. "A diversidade e a inclusão são questões de cidadania, com as quais todos nós devemos nos envolver", afirmou. De acordo com a desembargadora, sua administração à frente do TRT-RS procurou acolher esse tipo de iniciativa. "Não sei se fizemos o suficiente, mas nos esforçamos muito", assegurou. No final da solenidade, a magistrada entregou certificados aos fotógrafos que participaram da exposição.

Três turmas do ensino médio do Colégio Theóphilo Sauer, de Taquara, foram convidadas e prestigiaram as atividades da noite. Além dos estudantes, estiveram presentes servidores, magistrados e demais pessoas da comunidade interessadas nos temas tratados. O coquetel servido aos participantes, bem como alguns outros custos, como aluguel de som e cadeiras, foram pagos com recursos destinados pelo Sintrajufe-RS e geridos pelo Foro Trabalhista local.

Tantos Uns

A mostra “Tantos Uns” retrata pessoas com deficiência, valorizando a autoestima dos fotografados e buscando estimular um olhar mais natural e positivo no espectador. O projeto também contribui para a valorização das pessoas que integram a Instituição, já que os fotógrafos e fotografados são, na maioria, servidores do TRT-RS e do TRF4. O Grupo 35mm busca integrar o maior número possível de pessoas à exposição, oferecendo recursos de descrição textual das fotos em braile e códigos QR para acesso digital.

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Fonte: Texto de Juliano Machado e fotos de Inácio do Canto (Secom/TRT4)
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