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Publicada em: 17/05/2019 10:24. Atualizada em: 17/05/2019 15:10.

Mesa redonda dá início a projeto do Memorial da Justiça do Trabalho que envolve quilombolas e alunos de escolas públicas de Porto Alegre

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Foto coletiva dos participantes do evento, mostrando o auditório lotado.
Fotógrafa: Lentilha
Fotógrafa: Maria Clara Adams
Fotógrafa: Maria Clara Adams
Fotógrafa: Lentilha
Fotógrafa: Maria Clara Adams
Fotógrafa: Lentilha
Fotógrafo: Feijão
Fotógrafa: Lentilha
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O Memorial da Justiça do Trabalho do Rio Grande do Sul promoveu, na manhã dessa quinta-feira (16/5), uma mesa redonda intitulada "Memórias de Trabalho e Não Trabalho Quilombola". O evento, que ocorreu no Auditório Ruy Cirne Lima, no Foro Trabalhista de Porto Alegre, contou com professores e alunos de sete escolas das redes estadual e municipal, além de representantes dos sete quilombos urbanos existentes na capital gaúcha. O objetivo da iniciativa foi aproximar alunos, professores e quilombolas, para que sejam elaborados trabalhos escolares sobre os quilombos. Posteriormente, os resultados serão reunidos em um livro a ser publicado pelo Memorial. A atividade integra a 17ª Semana Nacional dos Museus, promovida pelo Instituto Nacional de Museus (Ibram). Neste ano, a Semana traz o tema "Os Museus como Núcleos Culturais: o Futuro das Tradições". A ideia é propor um debate sobre o papel dos museus como centros emanadores e receptores de práticas, costumes e pensamentos de nossa cultura.

Na mesa redonda estiveram presentes Onir de Araújo (Frente Quilombola), Sérgio Fidelix (como representante dos sete quilombos urbanos da capital: Areal, Fidélix, Lemos, Alpes, Quilombo dos Machado, Quilombo Silva e Quilombo Flores), além das professoras Denúsia Moreira de Souza (Colégio Protásio Alves) e Lissandra Cardoso Rodrigues dos Santos (Escola Estadual Bahia), como representantes das sete escolas envolvidas no projeto. A servidora Roberta Liana Vieira, representante dos servidores negros no Comitê Gestor de Equidade de Gênero, Raça e Diversidade do TRT-RS, atuou como mediadora.

Ao abrir o evento, a presidente do TRT-RS, desembargadora Vania Cunha Mattos, deu boas-vindas aos integrantes da mesa redonda e também aos alunos das escolas, que lotaram o Auditório Ruy Cirne Lima e duas salas de aulas da Escola Judicial para prestigiar as atividades. A presidente também saudou a iniciativa do Memorial e das escolas, e destacou que o TRT-RS estará sempre disponível para atividades importantes como essa, principalmente na conjuntura atual em que alguns setores da sociedade querem diminuir ou eliminar o papel da Justiça do Trabalho. A diretora do Foro Trabalhista de Porto Alegre, juíza Anita Job Lübbe, que também faz parte da Comissão Coordenadora do Memorial, reforçou o convite aos alunos para que conheçam a realidade dos quilombos, e destacou que é uma honra ter o Memorial como centro receptor da prática cultural quilombola.

Em sua participação, Onir de Araújo explicou que falar de "não trabalho quilombola" é fazer referência aos quase quatrocentos anos em que o povo negro foi escravizado, sofreu com muitas dores e torturas, sem que seu trabalho fosse reconhecido. Ele lembrou que durante todo esse período os africanos trazidos ao Brasil atuaram em trabalho forçado, o que hoje é considerado um crime de lesa-humanidade pela Organização das Nações Unidas. "Mas quem foi indenizado por esses crimes? Que reparações o povo negro recebeu por isso?", questionou.  "Se passamos por 388 anos de crime cujo responsável é o Estado brasileiro, precisamos repensar um projeto de nação em que na raiz esteja a reparação ao povo negro", enfatizou. "Esse projeto que começa hoje deve servir para inserir definitivamente os quilombos no mapa de Porto Alegre", comemorou.

Como explicou Sérgio Fidelix, do quilombo Família Fidelix, os negros que vieram para o Rio Grande do Sul de outros estados do Brasil trabalharam, inicialmente, nas charqueadas de Pelotas e Rio Grande, e posteriormente vieram para Porto Alegre para trabalhar no porto e na construção de casas dos ricos da cidade. "O primeiro quilombo de Porto Alegre foi o da família Silva. Eu me fortaleci com o Quilombo Silva e trouxe essa força para o Quilombo Fidelix", ressaltou. "Cada comunidade quilombola tem um foco de resistência, porque a nossa cultura sempre foi baseada em resistência", afirmou.

Para a professora Denúsia Moreira de Souza, o projeto do Memorial é importante para colocar os alunos em contato com a vivência dos quilombos, permitindo que eles sintam e aprendam sobre algo que normalmente só veem nos livros didáticos. "Dar a possibilidade dos alunos resgatarem, viverem e registrarem essa história é fundamental", frisou.

A professora Lissandra Cardoso, por sua vez, ressaltou que esse tipo de trabalho tem que ser feito não apenas em alusão ao Dia da Consciência Negra,  mas sim durante todo o ano. "Tenho alunos que têm vergonha de dizer que são quilombolas", destacou a professora. "Seguranças de supermercado, ainda hoje, se observarem uma pessoa branca e uma negra, vão atrás da negra. Eu tenho mestrado e doutorado, mas em uma concorrência de emprego quem vai ser contratada é uma pessoa branca, mesmo que só tenha o Ensino Médio", exemplificou, enfatizando que é por existir situações como essas que esse tipo de iniciativa de aproximação é essencial.

Apresentações culturais

Além do Colégio Protásio Alves e da Escola Bahia, participam do projeto as seguintes instituições de ensino: Colégio Estadual Coronel Afonso Emílio Massot, Colégio Estadual Paraná, Escola Estadual Professor Oscar Pereira, Escola Municipal Dr. Liberato Salzano Vieira da Cunha e Escola Municipal Gabriel Obino.

Como encerramento das atividades, os alunos puderam assistir a apresentações culturais oferecidas pelos quilombos: oficina de Abayomi (com Luiza Muniz Pacheco, de apenas sete anos de idade, e Zadilene Zaro, moradoras do Quilombo Silva), capoeira (com mestre Jaburu, do Quilombo Fidelix), Makulelê (com representantes do Quilombo dos Machado) e rap (com as rappers Geneci Flores e Rosana Meireles, do Quilombo Flores).

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Fonte: Texto de Juliano Machado e fotos de Inácio do Canto (Secom/TRT4)
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