Publicada em: 31/08/2007 00:00. Atualizada em: 31/08/2007 00:00.
Marca tem novo dono
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Início do corpo da notícia.
Paquetá arrematou a marca Ortopé pelo lance mínimo de 15 milhões
Arremate se deu em lance único incluindo a marca e os bens, somando quase 19 milhões de reais,mas o repasse aos operários depende de uma decisão da Justiça
Região - Um único lance e terminou em poucos minutos o que demorou meses para ser preparado: o leilão da marca de calçados infantis gramadense, que nos anos 80 chegou a ser uma das mais bem conceituadas do Brasil, a Ortopé. Um cidadão discreto acompanhava de canto a sessão. Assim que o leiloeiro Rubem Garcia abriu a fase de lances, após explicar os detalhes do edital, o mesmo levantou a mão "e pagou os 15 milhões pela marca e 60% do valor do restante dos bens. É vista!" Pelo menos 300 pessoas, entre autoridades, empreendedores e ex-funcionários acompanharam o ato na sede da fábrica em São Francisco de Paula, São Chico, na tarde de terça-feira, 28 de agosto. Todos voltaram as atenções para ele como se o vento girasse os olhares. Poucos sabiam de quem se tratava, pois não é qualquer um que disponibiliza tal quantia. O pacote com a marca, o terreno e construção de São Chico, máquinas, veículos e outros bens, totalizava R$ 21.405.233,55 (vinte e um milhões, quatrocentos e cinco mil, duzentos e trinta e três reais e cinqüenta e cinco centavos) e era previsto pelo edital que primeiramente seria oferecido tudo em um único bloco, para depois, se não houvesse interessados, ser leiloado em partes, a oferta não podendo ser inferior a 60% do estipulado no edital para os bens. O homem discreto é Antônio Carlos Lopes, nada menos que o interlocutor da Paquetá Calçados e em nome dela arrematava a marca Ortopé. Ele também é gerente da 3R do Brasil, uma empresa especializada em máquinas para calçados, que comporta um setor de recuperação de equipamentos usados com sedes em Novo Hamburgo e Araranguá (SC). O Jornal Integração conversou com ele logo após a sessão ser encerrada.
Decepção dos credores
Região- O ingrediente decepção veio logo após o lance arrematador, que trouxe alegria aos ex-funcionários que acompanhavam a sessão. O juiz do Trabalho responsável pelo processo de leilão da marca Ortopé, Ricardo Hofmeister Martins Costa, lembrou ao leiloeiro que há uma situação indefinida que impede o imediato repasse destes recursos aos trabalhadores. Trata-se de uma liminar a um Mandado de Segurança impetrado pela União através da Fazenda Nacional, ou Receita Federal, que, em resumo, pede a reavaliação da marca. O Fisco tenta resguardar algum recurso para cobrar cerca de 47 milhões de reais não recolhidos pela Ortopé e sucessoras. As procuradoras da Fazenda Nacional, Poliana Stahnke e Silvana Paulina Robetti, estavam presentes à sessão. Questionadas pelo JI sobre a angústia dos operários, prolongada ainda mais devido ao Mandado de Segurança da Fazenda, União, disseram apenas que é preciso aguardar o desfecho judicial e que estavam cumprindo seu dever profissional. Quanto a esta questão, o juiz Ricardo Martins Costa acredita que até o fim do mês de setembro a mesma esteja resolvida, julgada pelo Tribunal do Trabalho do Rio Grande do Sul. Martins Costa está confiante que o leilão será mantido e homologado logo após para que os recursos do arremate, que já estão depositados, possam ser repassados aos trabalhadores.
Donos da Sugar Shoes estavam presentes
José Luis Diel, Luiz Oliveira e Paulo Boelter, três dos quatro sócios da Sugar Shoes, que está produzindo a marca Ortopé em Canela, com cerca de 250 operários e aproximadamente 3500 pares por dia, estavam presentes à sessão do leilão. José Luis Diel disse ao JI que é "amigo pessoal" do arrematante, mas também que ainda não haviam conversado sobre como ficará a situação da fábrica local. "Não sabemos os parceiros que ele têm", disse referendo-se ao arrematante, que estava a "mando" da Paquetá. Diel comentou que a marca Ortopé ainda tem muita credibilidade no mercado e que a produção poderia, em pouco tempo, ser elevada para mais de seis mil pares por dia. "Nós estamos aí, abertos para conversar com eles. Temos toda a estrutura recém montada, mas não sabemos ainda o que vai acontecer", disse. A angústia gerada aos operários com o leilão foi traduzida pela programadora Aline Pooter ao JI com a palavra "esperança". "A gente tem que torcer para a fábrica ficar como está hoje", disse.
Emprego é o principal desejo dos operários
Região - O Jornal Integração conversou com diversos ex-funcionários das subsidiárias da Ortopé e é unanimidade entre eles a preferência pelo emprego. Todos preferem voltar a trabalhar em detrimento ao dinheiro em haver devido ao fechamento das empresas, embora ressaltem a importância dos recursos, para alguns a sobrevivência temporária. O mesmo sentimento é compartilhado pelo prefeito da cidade Décio Colla. Ele disse ao JI que o primeiro passo foi importante, pois "as pessoas vão receber seu dinheiro", mas que a "geração de empregos é ainda mais importante". Colla lembrou que o fechamento da indústria no Revéillon de 2006 foi muito prejudicial ao município, sob todos os aspectos econômicos. No momento disse não conhecer os arrematantes, mas que deseja que os mesmos revitalizassem a fábrica no município, que encerrou 600 empregos na virada do último ano.
Operários cercaram autoridade
O juiz titular da II Vara do Trabalho de Gramado, responsável pelo processo que levou a leilão a marca Ortopé, Ricardo Hofmeister Martins Costa, foi cercado pelos cerca de 200 ex-funcionários que acompanhavam o leilão. Eles não entenderam porque mesmo havendo arrematante à vista, não poderiam receber seus recursos devido ao Mandado de Segurança da Fazenda Nacional e estavam determinados a hostilizar as procuradoras que assistiam a sessão. Martins Costa teve de acalmá-los, explicando que o andamento do processo precisa ser respeitado e que elas estavam ali meramente para cumprir o seu papel e desempenhar o seu trabalho enquanto defensoras da União. "Vocês tiveram uma grande vitória hoje, é preciso ter mais um pouco de calma. Vamos torcer, temos mais uma etapa a enfrentar", disse a eles. "Mas a União não teria que pensar primeiro no povo?", perguntou uma operária. "A Justiça do Trabalho pensa sim", respondeu o juiz, explicando a função das procuradoras.
O potencial da nova dona
A Paquetá nasceu no ano de 1945, na cidade de Sapiranga (RS) e hoje está com unidades fabris em doze estados brasileiros: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará e uma em Buenos Aires, na Argentina. Ao todo são 13 mil funcionários, produzindo 50 mil pares por dia. As principais marcas são a feminina Domoud e a esportiva Diadora. O secretário de Desenvolvimento João Adam e o subsecretário da pasta Sérgio Prinstrop, de Gramado, acompanharam o leilão em São Chico. Ao fim da sessão, conversaram com o arrematador, manifestando interesse em uma possível negociação para a instalação de uma unidade no município. Ontem, quando soube pela reportagem do JI que a nova dona é a Paquetá, Sérgio Prinstrop comemorou. Esclareceu que sua primeira torcida era pela Sugar Shoes, "pelos meus amigos da Picada Café", mas que também tem bom relacionamento com a Paquetá e pretende atraí-los a investir em Gramado.
Arremate se deu em lance único incluindo a marca e os bens, somando quase 19 milhões de reais,mas o repasse aos operários depende de uma decisão da Justiça
Região - Um único lance e terminou em poucos minutos o que demorou meses para ser preparado: o leilão da marca de calçados infantis gramadense, que nos anos 80 chegou a ser uma das mais bem conceituadas do Brasil, a Ortopé. Um cidadão discreto acompanhava de canto a sessão. Assim que o leiloeiro Rubem Garcia abriu a fase de lances, após explicar os detalhes do edital, o mesmo levantou a mão "e pagou os 15 milhões pela marca e 60% do valor do restante dos bens. É vista!" Pelo menos 300 pessoas, entre autoridades, empreendedores e ex-funcionários acompanharam o ato na sede da fábrica em São Francisco de Paula, São Chico, na tarde de terça-feira, 28 de agosto. Todos voltaram as atenções para ele como se o vento girasse os olhares. Poucos sabiam de quem se tratava, pois não é qualquer um que disponibiliza tal quantia. O pacote com a marca, o terreno e construção de São Chico, máquinas, veículos e outros bens, totalizava R$ 21.405.233,55 (vinte e um milhões, quatrocentos e cinco mil, duzentos e trinta e três reais e cinqüenta e cinco centavos) e era previsto pelo edital que primeiramente seria oferecido tudo em um único bloco, para depois, se não houvesse interessados, ser leiloado em partes, a oferta não podendo ser inferior a 60% do estipulado no edital para os bens. O homem discreto é Antônio Carlos Lopes, nada menos que o interlocutor da Paquetá Calçados e em nome dela arrematava a marca Ortopé. Ele também é gerente da 3R do Brasil, uma empresa especializada em máquinas para calçados, que comporta um setor de recuperação de equipamentos usados com sedes em Novo Hamburgo e Araranguá (SC). O Jornal Integração conversou com ele logo após a sessão ser encerrada.
Decepção dos credores
Região- O ingrediente decepção veio logo após o lance arrematador, que trouxe alegria aos ex-funcionários que acompanhavam a sessão. O juiz do Trabalho responsável pelo processo de leilão da marca Ortopé, Ricardo Hofmeister Martins Costa, lembrou ao leiloeiro que há uma situação indefinida que impede o imediato repasse destes recursos aos trabalhadores. Trata-se de uma liminar a um Mandado de Segurança impetrado pela União através da Fazenda Nacional, ou Receita Federal, que, em resumo, pede a reavaliação da marca. O Fisco tenta resguardar algum recurso para cobrar cerca de 47 milhões de reais não recolhidos pela Ortopé e sucessoras. As procuradoras da Fazenda Nacional, Poliana Stahnke e Silvana Paulina Robetti, estavam presentes à sessão. Questionadas pelo JI sobre a angústia dos operários, prolongada ainda mais devido ao Mandado de Segurança da Fazenda, União, disseram apenas que é preciso aguardar o desfecho judicial e que estavam cumprindo seu dever profissional. Quanto a esta questão, o juiz Ricardo Martins Costa acredita que até o fim do mês de setembro a mesma esteja resolvida, julgada pelo Tribunal do Trabalho do Rio Grande do Sul. Martins Costa está confiante que o leilão será mantido e homologado logo após para que os recursos do arremate, que já estão depositados, possam ser repassados aos trabalhadores.
Donos da Sugar Shoes estavam presentes
José Luis Diel, Luiz Oliveira e Paulo Boelter, três dos quatro sócios da Sugar Shoes, que está produzindo a marca Ortopé em Canela, com cerca de 250 operários e aproximadamente 3500 pares por dia, estavam presentes à sessão do leilão. José Luis Diel disse ao JI que é "amigo pessoal" do arrematante, mas também que ainda não haviam conversado sobre como ficará a situação da fábrica local. "Não sabemos os parceiros que ele têm", disse referendo-se ao arrematante, que estava a "mando" da Paquetá. Diel comentou que a marca Ortopé ainda tem muita credibilidade no mercado e que a produção poderia, em pouco tempo, ser elevada para mais de seis mil pares por dia. "Nós estamos aí, abertos para conversar com eles. Temos toda a estrutura recém montada, mas não sabemos ainda o que vai acontecer", disse. A angústia gerada aos operários com o leilão foi traduzida pela programadora Aline Pooter ao JI com a palavra "esperança". "A gente tem que torcer para a fábrica ficar como está hoje", disse.
Emprego é o principal desejo dos operários
Região - O Jornal Integração conversou com diversos ex-funcionários das subsidiárias da Ortopé e é unanimidade entre eles a preferência pelo emprego. Todos preferem voltar a trabalhar em detrimento ao dinheiro em haver devido ao fechamento das empresas, embora ressaltem a importância dos recursos, para alguns a sobrevivência temporária. O mesmo sentimento é compartilhado pelo prefeito da cidade Décio Colla. Ele disse ao JI que o primeiro passo foi importante, pois "as pessoas vão receber seu dinheiro", mas que a "geração de empregos é ainda mais importante". Colla lembrou que o fechamento da indústria no Revéillon de 2006 foi muito prejudicial ao município, sob todos os aspectos econômicos. No momento disse não conhecer os arrematantes, mas que deseja que os mesmos revitalizassem a fábrica no município, que encerrou 600 empregos na virada do último ano.
Operários cercaram autoridade
O juiz titular da II Vara do Trabalho de Gramado, responsável pelo processo que levou a leilão a marca Ortopé, Ricardo Hofmeister Martins Costa, foi cercado pelos cerca de 200 ex-funcionários que acompanhavam o leilão. Eles não entenderam porque mesmo havendo arrematante à vista, não poderiam receber seus recursos devido ao Mandado de Segurança da Fazenda Nacional e estavam determinados a hostilizar as procuradoras que assistiam a sessão. Martins Costa teve de acalmá-los, explicando que o andamento do processo precisa ser respeitado e que elas estavam ali meramente para cumprir o seu papel e desempenhar o seu trabalho enquanto defensoras da União. "Vocês tiveram uma grande vitória hoje, é preciso ter mais um pouco de calma. Vamos torcer, temos mais uma etapa a enfrentar", disse a eles. "Mas a União não teria que pensar primeiro no povo?", perguntou uma operária. "A Justiça do Trabalho pensa sim", respondeu o juiz, explicando a função das procuradoras.
O potencial da nova dona
A Paquetá nasceu no ano de 1945, na cidade de Sapiranga (RS) e hoje está com unidades fabris em doze estados brasileiros: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará e uma em Buenos Aires, na Argentina. Ao todo são 13 mil funcionários, produzindo 50 mil pares por dia. As principais marcas são a feminina Domoud e a esportiva Diadora. O secretário de Desenvolvimento João Adam e o subsecretário da pasta Sérgio Prinstrop, de Gramado, acompanharam o leilão em São Chico. Ao fim da sessão, conversaram com o arrematador, manifestando interesse em uma possível negociação para a instalação de uma unidade no município. Ontem, quando soube pela reportagem do JI que a nova dona é a Paquetá, Sérgio Prinstrop comemorou. Esclareceu que sua primeira torcida era pela Sugar Shoes, "pelos meus amigos da Picada Café", mas que também tem bom relacionamento com a Paquetá e pretende atraí-los a investir em Gramado.
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Fonte: Jornal Integração – Canela/Gramado
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