Conselheiro do CNJ se reúne com representantes de Tribunais gaúchos para tratar da recuperação de documentos históricos
O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS) recebeu, nesta terça-feira (6/8), a visita do conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Alexandre Teixeira de Freitas Bastos Cunha. Desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (RJ), o magistrado participou de reunião com representantes dos cinco Tribunais gaúchos que se uniram para enfrentar as consequências das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul (TRT-4, TJ-RS, TRF-4, TRE-RS e TJM-RS).
Na pauta, o trabalho de recuperação de documentos históricos que foram danificados pelos alagamentos. O conselheiro Alexandre é coordenador da Comissão Permanente de Gestão Documental e de Memória do Poder Judiciário do CNJ. Mais cedo, ele já havia visitado o Arquivo-Geral Tribunal, em Porto Alegre,Abre em nova aba que foi invadido pelas águas, atingindo cerca de um milhão de processos.
O presidente do TRT-4, desembargador Ricardo Martins Costa, fez um relato dos danos sofridos pelas unidades da Justiça do Trabalho gaúcha durante a enchente. Reforçou a importância da união dos cinco Tribunais para tomada de decisões conjuntas.
Martins Costa agradeceu toda a ajuda recebida durante o período de calamidade pública.
“Nós tivemos todo o apoio do CNJ e do Conselho Superior da Justiça do Trabalho. A água atingiu três metros de altura no nosso Arquivo. Aliás, atingiu também os Tribunais todos. Esse apoio do CNJ e CSJT está sendo fundamental para recuperarmos o que é possível. E nós vamos conseguir”, disse o presidente.
O conselheiro Alexandre disse que todos no CNJ ficaram muito tocados com tudo o que estava acontecendo no Rio Grande do Sul. Elogiou o trabalho realizado pelo TRT-4 de recuperação dos processos históricos atingidos pela enchente.
“Confesso para vocês que me surpreendi muito positivamente. Percebi que a capacidade de colaboração se mostrou eficiente”, destacou o conselheiro, ao comparar a união dos Tribunais à roda de chimarrão, onde todos sentam-se numa roda para conversar e tomar um mate.
“Eu ouvi relato que eu não vou esquecer mais. Das pessoas chegando para render os outros que tomavam conta dos espaços de barco, de jetski. Foram relatos muito tocantes de superação”, complementou.
Conforme o conselheiro, quando se fala em documentos e memória, está se falando da preservação do próprio Judiciário.
“A gente está falando em preservar a história, contando uma história. No meio da catástrofe, vocês passaram a reescrever parte dessa história. Então, estes documentos que vão ser salvos, com marcas do que aconteceu, na verdade são cicatrizes de uma história, de uma etapa de vida do Poder Judiciário e, mais do que isso, do povo do Rio Grande do Sul”, ressaltou o magistrado.
Coordenadora da Comissão de Gestão da Memória do TRT-4, a desembargadora Rosane Serafini Casa Nova agradeceu a preocupação do CNJ com a parte documental e da memória.
“A memória, na verdade, traz a valorização da instituição. Quando a memória se perde, a instituição também se perde. Então, toda vez que a gente reafirma a memória da nossa instituição, a gente está refirmando o poder daquela instituição”, disse a magistrada.
Integrante da Comissão de Gestão da Memória do TRT-4, a juíza Anita Job Lübbe reforçou a importância do apoio das Administrações dos Tribunais para preservação da memória.
“Isso fortalece a todos os servidores que estão ali no dia a dia. É um conjunto que funciona bem”, destacou Anita, ao citar magistrados e servidores que vêm se empenhando na recuperação dos processos, no Arquivo-Geral.
Também estiveram presentes na reunião magistrados e servidores representando os cinco Tribunais gaúchos. Ficou acertado que todas as instituições enviarão ao CNJ relatos sobre o trabalho de recuperação dos acervos atingidos pela enchente.
Logo após a reunião, foi feita uma vistoria no Plenário do TRT-4, que está em reforma após o alagamento. A água atingiu um metro e meio de altura no complexo-sede, provocando uma série de danos.