FestLabs em Porto Alegre: Começa evento nacional sobre inovação no Poder Judiciário

Começou nesta segunda-feira (18), em Porto Alegre (RS), o 3º Encontro Nacional dos Laboratórios de Inovação do Poder Judiciário (III FestLabs). O evento reúne mais de 400 magistrados e servidores que atuam nas áreas de inovação de Tribunais e outros órgãos da Justiça brasileira. As atividades ocorrem no Centro de Eventos do Barra Shopping Sul, até esta terça (19).
Com o tema "Inteligências para a Inovação", o encontro explora três eixos essenciais: a inteligência humana, a artificial e a colaborativa. O objetivo é trocar experiências e formar parcerias para o desenvolvimento de uma Política de Gestão da Inovação na Justiça brasileira. Hoje, os laboratórios estão presentes em 90 tribunais e órgãos do Judiciário.
A realização do 3º FestLabs é uma parceria entre o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS), o Tribunal de Justiça do RS (TJ/RS), o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), o Tribunal Regional Eleitoral do RS (TRE/RS), o Tribunal de Justiça Militar do RS (TJM/RS) e a Justiça Federal do Rio Grande do Sul (JF/RS), com o apoio do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Abertura
A solenidade de abertura teve a participação da ministra Maria Helena Mallmann, representando a Presidência do Tribunal Superior do Trabalho (TST), do presidente do TRT-4, desembargador Francisco Rossal de Araújo, da presidente do TJ/RS, desembargadora Iris Helena Medeiros Nogueira, da conselheira do CNJ e desembargadora federal Salise Monteiro Sanchotene, do presidente do TRF-4, desembargador Fernando Quadros da Silva, do presidente em exercício do TRE-RS, desembargador Voltaire Lima de Moraes, do presidente do TJM/RS, desembargador Amílcar Macedo, e da diretora do Foro da Seção Judiciária do Rio Grande do Sul, juíza federal Carla Evelise Justino Hendges.

Escolhas éticas
Ao se manifestar na cerimônia, o presidente do TRT-4 lembrou que o novo não é necessariamente bom para a humanidade, citando o exemplo da bomba atômica. “O novo sempre implica escolhas éticas. Entre o certo e o errado existem várias matizes, mas temos que pensar sempre em escolher da maneira possível, fazendo ponderações. Estamos eticamente comprometidos com a inovação”, afirmou.
Da mesma opinião compartilha a ministra Maria Helena Mallmann. Ao fazer uso da palavra, a magistrada recordou que o Judiciário vem fazendo escolhas desde o início dos anos 90, quando a informatização deu os primeiros passos. “Evoluímos para novos debates, mas a essência é a mesma: são as nossas escolhas. Da época do CP500 à inteligência artificial, viemos fazendo escolhas. E acho que foram boas as escolhas nessa trajetória. Está aí, por exemplo, o nosso Processo Judicial Eletrônico. Com ele conseguimos atender bem a sociedade durante a pandemia”, explicou.

Inovação para o bem
A palestra de abertura foi ministrada por Grazi Mendes, executiva na área de tecnologia. Ela é head de Diversidade, Equidade e Inclusão na empresa ThoughtWorks, colunista da revista MIT Sloan Review Brasil e professora na Fundação Dom Cabral.
Conforme Grazi, assim como tivemos nossos ancestrais, nós somos os “ancestrais do futuro”, e precisamos nos dedicar para deixarmos para as próximas gerações um mundo que vale a pena ser vivido: mais inclusivo e com menos desigualdade, principalmente.

Nesse sentido, disse a palestrante, cada um deve refletir sobre o que pode fazer, inclusive na profissão. “Qual o alcance da sua caneta?”, provocou.
A tecnologia está diretamente ligada à evolução. Mas, advertiu Grazi, ela não é neutra, e sim criada por pessoas, podendo reproduzir as limitações e os preconceitos do ser humano. Ela citou alguns exemplos de tecnologias com inteligência artificial que, mal programadas, acabaram reproduzindo discriminações a negros e mulheres.
A executiva afirmou que a tecnologia tem que ser pensada para o bem: acabar com a fome, melhorar as relações de trabalho, gerar mais empregos, entre outras transformações. Nessa ponte para o futuro, Grazi disse que são fundamentais os sonhos, a imaginação sem limites e a criatividade. Além disso, sublinhou a convidada, trabalhar com times heterogêneos é essencial, pois pessoas com visões e vivências diferentes geram discussões mais produtivas. “A gente só aprende na diversidade”, concluiu.