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Publicada em: 30/08/2023 17:35. Atualizada em: 30/08/2023 18:23.

Artigo: "A criança que não queria ser adulta", de autoria da juíza Carolina Gralha

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Carolina Gralha.jpgTexto publicado originalmente no jornal Zero Hora, edição de 30 de agosto de 2023.

Não pense que falarei sobre Peter Pan. Infelizmente, não. Quero falar das crianças destinadas a serem adultas ainda muito jovens. Certamente vocês já ouviram falar a expressão de que é melhor a criança estar trabalhando do que cometendo algum crime. São estas as crianças obrigadas a conhecerem a vida adulta — ao trabalharem  sob pena de serem criminosas.

Não há outra opção para elas: trabalharão, deixarão de estudar e brincar, ou cairão no mundo do crime. Como se a única alternativa desses jovens — necessariamente os pobres e os de comunidade — fosse trabalhar ou delinquir.

Colocamos essas crianças em becos sem saída. Trabalharão, não estudarão, ocuparão subempregos na vida adulta, repetirão o ciclo da pobreza e muitos até morrerão nesta jornada. Mesmo assim, as esquecemos. Fingimos que não as vemos ao passarmos por elas nos nossos carros de vidros fechados.

Mas chegou a hora (e já não era?) de abrirmos as janelas e rompermos com a dicotomia de opções equivocadas para nossas crianças. O jovem tem que estudar, ter obrigações compatíveis com a sua idade e brincar. Quando chegar aos 14 anos, poderá seguir nos mais variados caminhos da aprendizagem, escolhas que respeitam a sua formação e o seu desenvolvimento físico-emocional.

A jovem Sofia Silveira, aprendiz do Projeto Pescar da Comunidade Jurídico-Trabalhista, nos ensina sobre seu crescimento na aprendizagem: “o educador e filósofo Paulo Freire diz: ‘Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo.’ Aprendizagem é isso. Para nós, jovens, é essencial para começar a vida. Aprendizagem junta educação, conhecimento e informação. Transforma sociedades, jovens e famílias. Espero que outros milhares de jovens tenham a oportunidade de desfrutar da verdadeira aprendizagem.”

Na Semana Nacional de Aprendizagem, celebrada entre 28/8 e 1º/9, abramos e mostremos esses caminhos aos jovens. Asseguremos que eles sejam adultos apenas na hora certa. Asseguremos que sejam respeitados, realizados e felizes, como a Sofia.

Carolina Gralha
Juíza do Trabalho, gestora regional do Programa de Combate ao Trabalho Infantil da Justiça do Trabalho

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Fonte: Secom/TRT-4
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