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Publicada em: 28/01/2023 14:06. Atualizada em: 30/01/2023 11:11.

Artigo: "28 de janeiro: o enredo do horror tem que acabar", de autoria da juíza Carolina Gralha

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Foto ilustrativa de um trabalhador sentado, com as mãos sujas.Texto originalmente publicado no jornal Zero Hora, edição conjunta de 28 e 29 de janeiro de 2023.

Olhar distante, olhos marejados, garganta seca, braços fracos, mãos machucadas, barriga vazia, pernas cansadas. Família distante, amigos inexistentes, isolamento brutal, comunicação externa inviável. Teto de lona, cama no chão, banheiro no mato, comida estragada, água contaminada. Doenças. Dívidas crescentes, liberdade ceifada. Violência física e psicológica.

De dia, gosto de morte. De noite, exaustos, nada sabem. Interior, capital, fazenda, comércio ou indústria. Ilusão, esperança, desespero, desalento. Esses cenários poderiam se enquadrar num filme de drama, mas na verdade é o enredo de horror vivido pelas 2.575 pessoas resgatadas da condição de trabalho análoga à de escravo em 2022, no Brasil. A miséria do explorado – que se submete a qualquer condição ou que acredita poder realizar sonhos aceitando propostas encantadoras – somada à ganância do explorador – que tem certeza da impunidade ou que crê simplesmente que pode ser dono de alguém –  faz com que o Brasil tenha números alarmantes na exploração da mão-de-obra análoga à de escravo.

E é sobre isso que precisamos colocar holofotes: sobre as outras milhares de pessoas que estão nessa situação no país e, ainda, com a abissal responsabilidade de dar estrutura e apoio aos resgatados, para que não voltem a ser explorados. O dia 28 de janeiro, Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, nos permite refletir e, sobretudo, agir em todas as instâncias.

Com essa motivação, o Tribunal Superior do Trabalho se propôs a instituir um programa de enfrentamento ao trabalho escravo, ao tráfico de pessoas e de proteção do trabalho de imigrantes, no âmbito da Justiça do Trabalho. Há muito a ser feito e apenas com o engajamento de instituições e da sociedade civil é que poderemos enfrentar essa batalha, em que somente a dignidade da pessoa humana pode sair vitoriosa. Mobilize-se, provoque o debate e promova avanços. Cada um pode ser o agente transformador que a nossa sociedade tanto precisa. Escravidão nunca mais.

Carolina Hostyn Gralha
Juíza do Trabalho
Integrante da Comissão de Direitos Humanos e Trabalho Decente do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS)

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Fonte: Secom/TRT4
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