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Publicada em: 08/11/2024 15:40. Atualizada em: 13/11/2024 12:16.

Fórum Antirracista: atividades da manhã abordaram o racismo estrutural e ambiental

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Foto de Rafa Rafuagi palestrando ao fundo, e público em primeiro plano.
Palestra de abertura, com Rafa Rafuagi

A palestra "A Negritude Gaúcha (R)Existe", de Rafa Rafuagi, rapper, escritor e empreendedor social, abriu a programação do 6º Fórum Aberto de Educação AntirracistaAbre em nova aba.

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Rafa compartilhou sua experiência na comunidade Comuna 13, na cidade colombiana de Medellín, destacando que as maiores vítimas da violência urbana são jovens negros da periferia. Ele defendeu políticas públicas contínuas e a participação de negros em todas as esferas, inclusive no Judiciário. 

“Política pública, assim como este debate, não deve ser pontual. Normalmente as pessoas pretas são lembradas somente em novembro. Qual política continuada existe no TRT-RS durante o resto do ano? O que está faltando? Discussão permanente sobre o combate ao racismo estrutural, participação ampla de todos os servidores e juízes nos Fóruns?”, questionou.

Rafa Rafuagi
Rafa Rafuagi

Ele mencionou a importância do combate ao racismo em todas as esferas, a iniciar pelo contexto familiar.

“O racismo estrutural deve ser combatido dentro de casa. Não se calar diante das piadinhas racistas, que não são piadas, são crime, é o primeiro passo para a luta e a conscientização. Quem disse que o avô de 80 anos pode continuar sendo racista? O trabalho de conscientização e práticas pedagógicas para orientar uma família e uma comunidade para se tornarem melhores valem para todos”, enfatizou.

A palestra terminou com uma “batalha de rimas” sobre o tema.

Painel sobre racismo ambiental, mostrando os três participantes sentados. Des. Gilberto falando.
Painel sobre racismo ambiental

Racismo ambiental 

A segunda atividade da manhã foi o painel “Racismo Ambiental em Tempos de Calamidade”. Os painelistas foram a cientista social Nina Fola, co-fundadora do Grupo de Estudos Atinuké - Sobre o Pensamento de Mulheres Negras, e o arquiteto urbanista José Carlos da Silva Rodrigues, integrante do Instituto de Assessoria às Comunidades Remanescentes de Quilombos (Iacoreq).

Moderador do painel, o desembargador do TRT-RS Gilberto Souza dos Santos salientou, no início da atividade, que o racismo ambiental deve ser tema debatido na Justiça do Trabalho. Segundo o magistrado, as primeiras vítimas da degradação e das tragédias ambientais são trabalhadores, principalmente pessoas negras.

Nina Fola
Nina Fola

As mais afetadas pela enchente

A cientista social Nina Fola destacou que esse tipo de racismo é a discriminação ambiental que atinge populações vulneráveis, com as que moram nas periferias. Ele se manifesta quando políticas ambientais e projetos de desenvolvimento são implementados de forma a prejudicar essas populações.

Na sua fala, Nina abordou o caso de Porto Alegre. Segundo ela, há racismo ambiental na Capital. Citou, como exemplo, a instalação de lixões próximos a comunidades de baixa renda, a poluição do ar mais acentuada em regiões mais pobres, e os problemas de acesso a saneamento básico e água enfrentados nessas localidades. 

Conforme a painelista, outra evidência do racismo ambiental é que as regiões mais atingidas na enchente de maio, em Porto Alegre, foram as de menor renda. Ela mostrou mapas do Observatório das Metrópoles que demonstraram este fato. Nina afirmou que a tragédia afetou principalmente mulheres negras, muitas delas chefes de família. Para a cientista social, o caminho para enfrentar o problema é a adoção de políticas públicas que combatam o racismo ambiental e reduzam os danos que ele causa às populações vulnerabilizadas.

José Carlos dos Santos Rodrigues
José Carlos dos Santos Rodrigues

Quilombolas

Na segunda parte do painel, o arquiteto urbanista José Carlos da Silva Rodrigues abordou o racismo ambiental enfrentado pelas comunidades quilombolas – descendentes de africanos escravizados que mantêm tradições culturais de subsistência e religiosidade ao longo dos séculos. Há pelo menos 170 comunidades quilombolas no Rio Grande do Sul.

José Carlos mostrou diversas fotos de comunidades quilombolas pelo Estado. Muitas ficam isoladas, em zonas rurais, acessadas por estradas ruins e não pavimentadas. Muitas casas apresentam estrutura precária, também. Por outro lado, as comunidades preservam o meio ambiente em sua volta, cuidando da natureza. 

Segundo o arquiteto, a pandemia e a enchente foram impactantes para essas populações, devido ao isolamento e às dificuldades de acesso. Um projeto do Iacoreq ajudou as comunidades nesses momentos difíceis. “É fundamental que a sociedade reconheça e combata essa forma de injustiça ambiental e social”, afirmou José Carlos. Ele acrescentou que as comunidades vulnerabilizadas devem ser chamadas a participar da elaboração de políticas públicas que enfrentem essa questão. Muitas vezes, segundo ele, projetos chegam “prontos” nas comunidades, sem que elas tenham sido ouvidas – outra faceta do racismo ambiental.

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Fonte: Bárbara Frank e Gabriel Borges Fortes (Secom/TRT4). Fotos: Guilherme Lund
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