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Publicada em: 16/03/2022 17:52. Atualizada em: 16/03/2022 17:56.

"Merecem nossa homenagem todas as mulheres que, antes de nós, conquistaram o direito de sermos felizes", declara a advogada Cecília de Araújo Costa

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WhatsApp Image 2022-03-16 at 17.15.27.jpegCom 65 anos de carreira, Cecília de Araújo Costa é a advogada que está há mais tempo em atividade na Justiça Trabalho gaúcha. Leia abaixo seu depoimento para Mês das Mulheres do TRT-4, onde ela fala sobre sua trajetória e as transformações sociais que acompanhou:

"Exerço a advocacia desde a metade do século passado, há mais de 65 anos, pois ingressei na Faculdade de Direito da Universidade do Rio Grande do Sul, hoje UFRGS, no ano de 1951 e concluí o curso em 1955. Éramos 56 formandos, 46 homens e 10 mulheres. Para a época, o número de mulheres era expressivo. Lamento dizer que hoje somos apenas seis: dois homens e quatro mulheres.

Nessa trajetória acompanhei transformações importantes na sociedade e na atividade profissional. Para que se tenha uma ideia da amplitude dessas transformações, relato aqui uma situação que hoje pode até causar perplexidade. Desde o quarto ano já era inscrita na OAB/RS no quadro B, como solicitadora (que hoje corresponde a estagiária). Era solteira quando me formei, mas quando requeri minha inscrição no quadro A (como advogada) já estava casada. E para que minha inscrição fosse efetivada precisei da autorização expressa do meu marido. Sim, o Código Civil estabelecia, em seu artigo 242, VII: 'A mulher não pode, sem o consentimento do marido, exercer profissão'.

Essa restrição aos direitos da mulher perdurou até o advento do Estatuto da Mulher Casada, em 1962 – que contribuiu para a emancipação feminina em diversas áreas. A partir daí a mulher não mais necessitava de autorização do marido para exercer profissão, bem como, por exemplo, passou a ter o direito de compartilhar o pátrio poder. Hoje parece pouco, mas foi na época um avanço considerável. É oportuno registrar, como parêntesis, que até a década de 1970 as mulheres não eram recebidas na carreira da magistratura no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Havia um código não escrito que as impedia.

Contudo, nessa caminhada, nós, mulheres, estamos vencendo o preconceito e as dificuldades. Hoje estamos, em número cada vez maior, exercendo a advocacia, que  exige dedicação, estudo, empenho, integridade moral, constituindo verdadeiro “múnus” público indispensável à administração da justiça!. Devo registrar que, apesar de tudo, nós, mulheres, somos fortes e decididas e capazes de exercer uma profissão e cumprir nosso papel na família, tudo com muito amor e dedicação. Tenho sete filhos, 20 netos e nove bisnetos.

Felizmente, na minha longa trajetória nesta vida, no exercício da minha profissão nunca senti discriminação por ser mulher. Aliás, se fui discriminada, alguma vez, não percebi. Tudo que se faz com amor é prazeroso, até nas dificuldades. Merecem nosso respeito, nossa gratidão e nossa homenagem todas as mulheres que, antes de nós, conquistaram para todas nós o direito de sermos felizes."

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Fonte: Secom/TRT-RS
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