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Publicada em: 25/11/2019 09:48. Atualizada em: 02/12/2019 16:59.

Fórum Antirracista: Grupo Getto usa a linguagem do humor para enfrentar o racismo

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A reflexão sobre o papel do humor para o combate ao racismo marcou o encerramento do 1º Fórum Aberto de Educação Antirracista do TRT4. O evento contou com a apresentação do Grupo Getto, um coletivo de stand up comedy que vem se destacando no Brasil por abordar o racismo e outros temas sociais pela perspectiva de quem sofre a discriminação. Os comediantes Rhudson (RJ), Felipe Kot (SP), Romário Ferreira (BA) e Jhordam Matheus (BA) se apresentaram para um plateia que lotou o Auditório Ruy Cirne Lima, do Foro Trabalhista de Porto Alegre, na tarde da última quinta-feira (21/11). 

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Os quatro artistas se revezaram no palco em uma sequência de números de stand up que provocaram o riso e a reflexão sobre o conteúdo dos seus textos. O grupo também é formado pelo comediante Yuri Marçal (RJ), que não pôde comparecer ao evento por problemas de saúde. “Em nossos shows também falamos sobre outros temas da periferia, da pobreza. Não é só a questão do racismo em si”, explicou Rhudson ao final do espetáculo, que foi seguido por uma conversa com o público. 

Os humoristas destacaram o orgulho que sentem por ocupar um espaço na arte e servir de inspiração para fãs que se identificam com suas origens. “Recebo várias mensagens de pretos dizendo ‘você me faz acreditar mesmo que é possível chegar onde eu quiser’. A gente construiu nossa história contrariando as estatísticas. É lindo ver outro preto, que saiu do mesmo lugar que você saiu, da periferia, chegando no topo também ”, comentou Jhordam. “A primeira vez que meu irmão me viu no palco, ele chorou muito. Ele me disse ´Nunca imaginei que você ia fazer algo assim’, e eu respondi ´Vou fazer e vou te botar pra estudar na melhor escola do mundo´”, lembrou Rhudson. 

A conversa com o público também destacou o novo significado que vem sendo atribuído à expressão ˜humor negro" pelo Grupo Getto e outros comediantes. “Antigamente 'humor negro' era aquele humor pesado, sobre coisas que ninguém fala. Hoje estamos ressignificando isso, agora é o preto tendo a voz, ocupando seu lugar de fala”, refletiu Romário. A formação de coletivos como estratégia de resistência e enfrentamento do racismo também foi comentada. “É importante a gente se unir. Antes eu fazia comédia sozinho, hoje eu moro com o Romarinho e o Jhordam em São Paulo, e o Kot está sempre lá, também. Eu não sei mais andar sozinho. Se chego em um lugar e eles não estão, não me sinto à vontade. A gente precisa se agarrar a quem pensa como a gente, a quem está como a gente, a quem é a gente”, afirmou. “Até comentamos isso, porque não vimos muitos negros por onde passamos aqui em Porto Alegre. Mas quando a gente entrou aqui, com tantos negros reunidos, isso passou uma segurança indescritível”, acrescentou Felipe.

Ao longo das participações da plateia, as falas destacaram a identificação que o público negro sente ao ver artistas negros no palco, e surgiram questionamentos sobre como o trabalho do grupo é recebido pelos brancos. “Isso é algo curioso, por isso falei sobre a importância de andarmos juntos. Quando comecei a fazer comédia no Rio, eu me apresentei em bairros mais elitistas. A plateia era formada na maioria por brancos. Então quando eu dizia coisas como 'É difícil ser preto´, a reação deles era ´não, não é não…'. É difícil . Mas a gente está chegando, ocupando, trazendo essa galera com a gente. A questão do coletivo também se encaixa nisso, porque a gente tem que se unir mais e também se consumir mais, ver a arte feita pelos negros, escutar mais o som que fala sobre a nossa realidade, isso ajuda”, refletiu Rhudson. “A piada só tem graça quando é com o outro. Quando é com a gente, a piada machuca, incomoda. E nós fomos machucados por muito tempo”, complementou Romário. 

No final dos debates, a servidora Roberta Liana Vieira, representante do Coletivo de Servidores Negros e Negras do TRT-RS e do Comitê de Equidade, Gênero, Raça e Diversidade, parabenizou os artistas e explicou que a capital gaúcha tem uma grande população negra, mas que ela não está concentrada nas regiões centrais da cidade, e sim na periferia. “Quero agradecer muito por vocês estarem ressignificando o humor negro, ficamos orgulhosos, nos sentindo representados. Porto Alegre também tem uma resistência negra muito forte. Somos a única cidade do Brasil que tem sete quilombos, e somos a cidade com o maior número de terreiros no país. O problema é que aqui estamos invisibilizados. Mas também estamos procurando nos unir e contamos com vocês”, afirmou. 

O 1º Fórum Aberto de Educação Antirracista do TRT4 foi promovido pelo Coletivo de Servidores Negros e Negras do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-RS), pela Escola Judicial e pelo Comitê Gestor de Equidade de Gênero, Raça e Diversidade da instituição, no Auditório Ruy Cirne Lima do Foro Trabalhista de Porto Alegre. O evento contou com palestras, debates e atividades culturais, oferecendo um espaço de aprendizagem para o combate ao racismo a partir da educação.

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Fonte: Guilherme Villa Verde (Secom/TRT4)
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