Administração e Comissão de Cultura do TRT-RS visitam Instituto Psiquiátrico Forense
Uma comitiva composta por magistrados e servidores do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-RS) e liderada pela presidente da Instituição, desembargadora Vania Cunha Mattos, visitou, nessa sexta-feira (30/11), o Instituto Psiquiátrico Forense (IPF) de Porto Alegre. O grupo foi conhecer o Projeto Artinclusão, coordenado pelo artista plástico Aloízio Pedersen, que promove a ressocialização de apenados por meio da produção artística e comercialização de seus trabalhos. “É uma honra poder fazer parte deste trabalho tão importante. É preciso que seja feita a integração desse espaço com a sociedade”, afirmou a presidente.
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A visita faz parte de um projeto mais amplo e foi organizada pela Comissão de Cultura do TRT-RS, que tem à sua frente o desembargador João Paulo Lucena. A partir de 2019, a Comissão planeja levar as obras do Artinclusão para serem apresentadas no TRT-RS, além de realizar oficinas de arte e proporcionar a apresentação de algumas das peças pelos próprios detentos. Também deverão ser expostas esculturas produzidas no Presídio Central de Porto Alegre, feitas por presos integrantes do Projeto Direitos Humanos na Prisão e usando metal apreendido em desmanches de automóveis.
O Artinclusão está aberto para homens e mulheres presos no IPF, proporcionando um espaço de arteterapia e uma possibilidade de renda para os detentos. Os internos do Instituto, que são historicamente marcados pelo duplo estigma de presos e pacientes psiquiátricos, encontram na produção de obras artísticas uma forma de serem vistos e reconhecidos pela sociedade. Além de externalizarem suas questões internas e sua experiência social nas obras, os participantes do projeto encontram ali uma oportunidade de socialização e reorganização.
Também estiveram presentes na comitiva as juízas Eliane Covolo Melgarejo, Gabriela Lenz de Lacerda e Lúcia Rodrigues De Matos; e as servidoras Maria Clara Lucena Adams, Fabiana Perdomo e Cristiane Estela Santos Martins.
Arte e reintegração social
Aloízio defende o potencial do projeto para “promover o ser humano na sua integralidade”, citando o caso de André: quando começou a participar do Artinclusão, ele não conseguia falar de forma compreensível nem desenhar objetos coerentes. Após um ano e meio, ele consegue se comunicar e já é capaz de planejar e executar seus quadros. Fiel a essa proposta, ele estimula os internos a apresentarem seus próprios quadros, passando para eles a palavra na hora de descrever as obras. “A exposição atual está com 150 obras. A partir de janeiro, ela vai para Portugal e Espanha", conta o artista plástico.
O projeto no IPF experimenta com técnicas variadas para ajudar os presos a se expressarem. Inicialmente, eles utilizaram técnicas desenvolvidas por Jackson Pollock, tais como dripping (gotejamento) e action painting (pintura de ação). “O artista entra junto na tela, com a sua emoção, com a sua cor”, resume Aloísio. Posteriormente, eles produziram trabalhos usando referências à arte de Gustav Klimt e, mais recentemente, ao modernismo brasileiro. Em todas as pinturas, os presos-artistas são estimulados a recriarem temáticas de sua preferência usando elementos pessoais, de sua própria trajetória.
Todos os quadros estão à venda e o valor é entregue integralmente para o preso, que pode utilizá-lo para adquirir itens de higiene, roupas e outros objetos, sempre com supervisão dos psiquiatras do Instituto. Há, inclusive, o caso de um interno que utilizou o valor arrecadado na venda dos quadros para contratar um advogado. Em todos os casos, essas interações fortalecem a possibilidade de resgate da cidadania e reinserção social dos presos.