Vara do Trabalho de Santa Rosa inaugura exposição Orgulho Negro em evento dedicado à comunidade negra
Foi inaugurada nessa quarta-feira (28/11), no Foro Trabalhista de Santa Rosa (RS), a exposição “Orgulho Negro”. Composta por fotografias de artistas negros, que retratam elementos da identidade e do imaginário afro-brasileiro, a mostra foi produzida no ano passado e já esteve exposta em diversos locais para disseminar a reflexão sobre a equidade de raça. A cerimônia de abertura contou com a presença da presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-RS), desembargadora Vania Cunha Mattos, que elogiou o esforço da juíza diretora do Foro, Raquel Nenê Santos, na defesa de causas ligadas à inclusão social e defesa da equidade.
Acesse aquiAbre em nova aba o álbum de fotos do evento.
Engajamento
A presidente lembrou que o TRT-RS foi o primeiro Tribunal do Brasil a implantar cotas raciais nos concursos para servidores e magistrados. Ela também enfatizou a importância de se lutar ativamente contra o racismo, aprendendo a reconhecê-lo e a enfrentá-lo onde quer que se manifeste. “Ao contrário do que muitos apregoam, a sociedade brasileira, ainda que seja predominantemente negra, ainda é uma sociedade preconceituosa – que discrimina não só os negros, como os homossexuais, os pobres, os índios e, mais recentemente, os velhos”, declarou a desembargadora Vania. Por ocasião da abertura da exposição, ela lançou a cartilha “Eu não sou racista”, elaborada pelo Coletivo Negro do TRT-RS e patrocinada pelo Tribunal.
Ela foi acompanhada pela juíza Raquel Nenê, que coordena o Comitê Gestor de Equidade de Gênero, Raça e Diversidade do TRT-RS. “Para nós é uma satisfação muito grande poder trazer a Santa Rosa esse trabalho de oito fotógrafos negros gaúchos”, declarou a titular da 2ª VT de Santa Rosa. Ela referiu que a abertura da mostra, no mês de novembro, foi proposta em homenagem ao dia 20 de novembro, data em que se rememora o aniversário da morte de Zumbi dos Palmares e que foi contemplada por uma série de outras ações do TRT-RS, como o Encontro de Servidores Negros, em Porto Alegre. “Fortalecendo as referências históricas à cultura e à trajetória negras no nosso país, o Dia da Consciência Negra também é considerado uma ação afirmativa, um dia de promoção de igualdade racial e uma referência para a população afro-descendente, dedicado à reflexão sobre as consequências do racismo”, ponderou.
Grande participação
A cerimônia esteve lotada com a presença de autoridades e membros da comunidade negra local, inclusive 18 imigrantes haitianos que fixaram morada em Santa Rosa. Além das magistradas já referidas, compuseram a mesa a juíza titular da 1ª VT de Santa Rosa, Mariana Roehe Flores Arancibia, e o prefeito da cidade, Alcides Vicini. Participaram também o procurador do município, André Sturmer; o representante da Subseção da OAB/RS, Nerci Antonio Spohr; o juiz do trabalho aposentado Justino Girardi; e a presidente da Casa Afro de Santa Rosa, Eneida Castro de Almeida Silva. A empresa Alibem Comercial de Alimentos, de Santa Rosa, enviou a assistente social Adriana Machado e a psicóloga Tarline Magali Graes, que fizeram um breve depoimento sobre a experiência de contratar funcionários haitianos.
O evento contou ainda com a apresentação de duas professoras painelistas, Clarice Teresa da Silva Tomas e Maria Clara Caetano Bengochêa. Em suas falas, elas proporcionaram uma discussão sobre a influência negra na formação do Brasil e sobre a dívida histórica gerada por políticas discriminatórias que iniciaram imediatamente após a abolição da escravidão. Elas também lembraram a importância de valorizar os elementos associados à identidade negra desde a primeira infância, como forma de fortalecer a autoestima dos negros. “Quando trabalho nas escolas o elemento negro empoderado, quando eu tiro o sujeito negro da posição de escravo e passo ele para a condição de guerreiro, estou plantando uma semente, para que daqui a 20 anos eu não precise mais estar falando em consciência negra”, afirmou Clarice.
Exposição
As fotos estimulam a reflexão sobre a cultura e a presença do negro no Rio Grande do Sul, tendo sido exibidas anteriormente no TRT-RS, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) e nas Varas do Trabalho de Porto Alegre, Pelotas e Sapiranga. A mostra reúne obras de oito fotógrafos negros gaúchos: Paulo Corrêa, Leandro Machado, Nílveo Pereira Christiano, Luís Pedro Fraga, Marcos Pereira Feijão, Cíntia Rodrigues, Andrea Bogado e Irene Santos.
Acesse aquiAbre em nova aba a íntegra do discurso da juíza Raquel Nenê.