Imagem com o número 100 junto ao símbolo do sistema PJe

Publicada em: 06/09/2018 13:45. Atualizada em: 06/09/2018 13:48.

Artigo: "Um outro olhar", da juíza Carolina Gralha

Visualizações: 49
Início do corpo da notícia.

06 - Artigo - Carolina Hostyn Gralha.jpgEu vi um belo gráfico expondo o recorde de produtividade dos juízes do nosso país em 2017: foram 7,1 sentenças por dia útil – sem deduzir o período de férias.

Há mais de uma década faço parte deste contingente de mulheres e homens que se dedicam à jurisdição e que, frequentemente, para cumprirem com maestria as suas funções, abrem mão de suas questões pessoais e familiares. 

Assumir a Presidência de uma Associação de Juízes do Trabalho nos permite um outro olhar da problemática.

Metas e números fazem parte da nossa rotina de cobrança e, mesmo dando o retorno exemplar, a espada segue em nossas cabeças. Nunca se trabalhou tanto, mas, também, nunca se foi tão exposto. Algo como se a magistratura fosse inimiga e não a solucionadora de conflitos em um país absolutamente conflitante. 

Saliento o orgulho de perceber como nos superamos a cada ano e que estamos prestando um serviço de excelência. Mas, do lado de cá, vejo muitas vezes desânimo e desprestígio, cansaço.

Poucos conseguem acompanhar a que custo o Judiciário aumenta a sua produção. Estamos adoecendo. A exigência é pesada e contínua, a redução dos quadros é uma realidade, enquanto isso, muitos preferem se manter apenas na “arquibancada” para vaiar ou culpar os jogadores.

Os juízes passaram a ser os grandes responsáveis pelas mazelas do Brasil. Desde a questão remuneratória até as garantias constitucionais (diga-se, que revertem em favor da própria sociedade) são subterfúgios para não se enfrentar os verdadeiros problemas ou as suas causas. Até o trágico incêndio do Museu Nacional gerou postagem deste tipo.

É inaceitável sermos medidos apenas por uma fita métrica (nunca deveríamos ter sido assim medidos), que robotiza números, gera conclusões artificiais e desconsidera o adoecimento da magistratura. Somos mais do que a nossa produção. A atuação dos juízes vai muito além das sentenças: pacifica conflitos e lida com um turbilhão de demandas que não entram em conta alguma. 

Todos os dias somos surpreendidos com alguma manchete ou alguma ação contra o Judiciário – o mais produtivo de todos os tempos. Dias de luta, dias de glória, já dizia a música. Esperamos que o futuro também traga dias de justo reconhecimento para quem está na linha de frente de um país aflito. 

Carolina Gralha é presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 4ª Região (Amatra IV).

Fim do corpo da notícia.
Fonte: Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 4ª Região (AMATRA IV)
Tags que marcam a notícia:
artigoamatra iv
Fim da listagem de tags.

Últimas Notícias

Mão branca segurando três formas humanas ao lado esquerdo do texto: Trabalho Seguro Programa nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho Criança desenhando arcos verde e amarelos em fundo cinza ao lado esquerdo do texto: Programa de Combate ao Trabalho Infantil e de Estimulo à Aprendizagem Texto branco sobre fundo cinza: PJe Processo Judicial Eletronico 3 arcos laranjas convergindo para ponto também laranja em canto inferior direito de quadrado branco, seguidos pelo texto: execução TRABALHISTA Mão branca com polegar riste sobre círculo azul ao lado esquerdo do texto: Conciliação Trabalhista