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Publicada em: 06/10/2016 00:00. Atualizada em: 06/10/2016 00:00.

Palestra de Leandro Karnal sobre preconceito e intolerância dá início aos encontros da Magistratura e de Gestores do TRT-RS

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A abertura do XI Encontro Institucional da Magistratura do Trabalho do Rio Grande do Sul e do XIX Encontro Anual de Gestores do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS) teve conferência do professor e historiador Leandro Karnal. A palestra ocorreu no Plenário do TRT-RS, na noite da última quarta-feira (5/10). Na ocasião, o historiador abordou o tema "Diferenças e Tolerância: construindo diálogos". Ambos os encontros, da magistratura e dos gestores, seguem até sexta-feira, com atividades no Plenário do TRT-RS e no Auditório Ruy Cirne Lima, na Escola Judicial.

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Na saudação aos participantes, a presidente do TRT-RS, desembargadora Beatriz Renck, explicou as mudanças de formatos dos eventos e destacou o momento atual por que passa a Justiça do Trabalho no Brasil. Segundo a magistrada, as restrições orçamentárias impostas e os discursos contra o Judiciário Trabalhista visam enfraquecer este ramo do Poder Judiciário que tem como principal função dirimir conflitos entre capital e trabalho. Neste contexto, a desembargadora manifestou seu desejo de que os encontros sirvam como congraçamento e fortalecimento do trabalho de juízes e servidores.

 

Preconceito

O tópico central da explanação do professor Leandro Karnal foi o espaço ocupado pelo preconceito nas sociedades atuais e do passado. Segundo ele, o preconceito é algo muito sólido e estrutural desde sempre, em todas as sociedades. Trata-se, nesse sentido, de uma ideia do outro que antecede ao próprio contato direto, mas que se baseia no medo do que esse encontro possa significar ao grupo social a que pertencemos ou à nossa condição de classe, gênero, situação econômica, entre outros aspectos. O preconceito, assim, é um elemento agregador e capaz de construir inclusive a história das nações. Como exemplo, o professor citou a formação dos Estados Unidos, baseada sempre em grupos de "bárbaros" a serem combatidos, como índios, mexicanos ou, mais recentemente, terroristas islâmicos. O preconceito, segundo Karnal, também é utilizado com a finalidade de dominação econômica. É o caso, por exemplo, da instituição de castas na Índia, ou da naturalização do racismo por parte de teóricos do Século XIX, no Brasil.

O preconceito, para Karnal, não seria uma escolha pessoal, mas uma falha grave de caráter. Do ponto de vista psicanalítico, segundo o palestrante, é o choque entre identidades similares, mas em que um dos detentores de tal identidade não quer aceitá-la. "O aristocrata trata bem seus empregados, mas o novo rico não porque sente medo de voltar a ser pobre como eles". "Na manifestação de ódio por um homossexual estão em conflito possivelmente dois homossexuais: um que aceita e outro que não aceita", exemplificou.

Como argumentou o palestrante, a relação com a diferença sempre foi baseada na intolerância ou em duas manifestações distintas de tolerância. A tolerância passiva seria uma forma atenuada de intolerância e consiste na ideia de que é possível a aceitação do outro, desde que essa aceitação não atinja a esfera pessoal do indivíduo intolerante. "Não tenho nada contra gays, desde que não estejam no mesmo ambiente que o meu" ou "não tenho nada contra negros, até tenho um amigo negro" seriam frases exemplificativas dessa visão de mundo.

A tolerância ativa, por outro lado, parte da premissa de que a diferença é enriquecedora e de que a diversidade é o que torna a sociedade interessante e forte. Seria uma visão de mundo não apenas de aceitação ao diferente, mas de respeito pela sua existência.

Karnal também destacou a reflexão feita por  José Saramago quanto à palavra tolerância. De acordo com o escritor português, tolerar pressupõe uma atitude de superioridade, de aceitação do diferente mesmo ele sendo "inferior". Tolerar, nesse sentido, é sofrer em silêncio, quando uma possibilidade mais rica seria ver na diferença algo positivo para a humanidade.

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Fonte: Texto: Juliano Machado; fotos: Inácio do Canto (Secom/TRT4)
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