"Apesar da dor, é possível pensar que pode ser a salvação para até oito pessoas”, diz a servidora Isabel Azevedo, que incentiva a doação de órgãos após ter o filho salvo por um transplante

“O Thales nasceu depois de uma gravidez muito tranquila. Nenhum exame detectou problemas de saúde. Foi aos seis meses de idade que ele teve que ir às pressas ao hospital e foi imediatamente encaminhado para a cirurgia cardíaca. Ele tinha um problema congênito”.
Isabel Hruschka Rodrigues Azevedo, servidora lotada na 3ª Vara do Trabalho de São Leopoldo, não sabia que aquele mês de outubro de 2019 seria o início de um longo tratamento para salvar a vida do bebê.
A difícil recuperação, com uso de muitas medicações, causou a falência do fígado da criança um ano depois da primeira cirurgia. Para vencer a cirrose hepática, seria necessário o transplante. Neste caso, de um doador vivo.
Era preciso que houvesse o mesmo tipo sanguíneo e o pai, Marcel, foi o primeiro candidato. No último teste pré-operatório, uma incompatibilidade impediu a doação. “A gente se sente impotente. Primeiro, eu me senti impotente e, depois, essa situação do pai”, diz Isabel.
Entre a notícia de que seria necessário o transplante e a confirmação da compatibilidade da doadora, passaram-se dois meses. O transplante aconteceu um ano após a primeira cirurgia, quando Thales tinha apenas um ano e meio.
“O que a minha cunhada fez é impagável. Ela imediatamente se prontificou a ser a doadora. Fizeram todos os testes. Ela poderia ter desistido até o dia do transplante, mas foi até o final”, recorda Isabel, referindo-se à tia de Thales, Melissa Barcellos Azevedo.

a doadora
Transplante é só o início de um tratamento”, ressalta a mãe.
Depois de nove horas de cirurgia e quase um ano e meio de hospitalização, Thales é uma criança saudável, de cinco anos de idade. Ele é a melhor companhia para o mano Heitor, de oito.
Isabel, segundo a própria definição, é uma pessoa melhor.
“Passamos por algo que ninguém quer passar. Depois disso tudo, eu sou uma pessoa melhor. Dou valor a coisas simples, como poder organizar meu dia a dia, o que era impossível naquele período. Tenho mais empatia em ver a dor do outro”, diz.
Para quem espera na fila do transplante, ela recomenda a esperança.
“Como pais, nós tínhamos o dever de acreditar, ter fé e esperança. Os médicos expõem a realidade, é muito duro. Ao mesmo tempo, eu vi se formar uma corrente do bem. As pessoas de todas as religiões, gente que não conhecíamos, todos oferecendo ajuda, mandando um reiki, fazendo uma prece. O bem prevalece, tive essa percepção”.
Para quem sofre a dor da perda, ela sugere um “gesto impagável”.
“Apesar da dor, é possível pensar que pode ser a salvação para até oito pessoas. Também é uma forma de confortar alguém e de saber que aquele ente querido seguiu ajudando outras pessoas”, afirma.


Referência em transplantes
O Brasil é reconhecido como referência mundial na área de transplantes, com o maior sistema público de transplantes do mundo.
O “Setembro Verde” marca a realização da campanha nacional de incentivo à doação. Neste ano, o slogan é “Doação de órgãos. Precisamos falar SIM”Abre em nova aba. Hoje, 27 de setembro, é o Dia Nacional da Doação de Órgãos.
O TRT-RS está engajado na campanha “Setembro Verde”, em parceria com a ONG ViaVida, que divulga a importância da causa e mantém a Pousada Solidariedade, em Porto Alegre.
No último dia 17, o Tribunal divulgou este conteúdoAbre em nova aba, com informações que todo mundo deve saber sobre doação de órgãos. Confira!