Após 36 anos dedicados à Justiça do Trabalho, a desembargadora  Flávia Lorena Pacheco aposentou-se nesta segunda-feira (14/8). A magistrada aproveitou a última sessão da Seção de Dissídios Coletivos (SDC), realizada no dia 5 de agosto, para falar sobre sua trajetória na JT e se despedir de colegas e servidores do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS).

Flávia Lorena Pacheco é natural de Passo Fundo. Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais em 1982 pela Universidade de Passo Fundo. Foi servidora da Caixa Econômica Estadual (1977/1978) e concursada da PROCERGS (1978/1981) e da Caixa Econômica Federal (1984/1986).

Ingressou na magistratura trabalhista em fevereiro de 1987 como juíza substituta. Em 1991 foi promovida por merecimento ao cargo de juíza presidente, tendo exercido inicialmente a presidência da Junta de Conciliação e Julgamento de Santana do Livramento e, a partir de 1993, a 2ª Junta de Conciliação e Julgamento de Santa Maria. 

Participou da secretaria do Interior da Associação dos Magistrados do Trabalho da 4ª Região AMATRA IV (1992/1994; 1996/1998) e da secretaria Cultural (1998/2000). Convocada para atuar na segunda instância desde 2000, foi promovida por merecimento em julho de 2004 ao cargo de Juíza do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região. Vinha atuando na Seção de Dissídios Coletivos e na 11ª Turma Julgadora. 

Depoimentos

Antes do pronunciamento da desembargadora, a sessão foi marcada pelo reconhecimento dos colegas desembargadores ao trabalho realizado por Flávia Lorena Pacheco à magistratura trabalhista, especialmente sua contribuição à SDC. 

O presidente da SDC e vice-presidente do TRT-4, desembargador Ricardo Martins Costa, afirmou se sentir honrado por ter trabalhado com a magistrada desde que chegou ao Tribunal, na 11ª Turma. “Trabalhar com a Flávia e ser seu amigo é uma alegria muito grande. Não só pela juíza que é, mas pela pessoa generosa com todos que conviveram com ela. Flávia é um orgulho à magistratura do Rio Grande do Sul. Um exemplo para todos nós. É unânime entre os colegas sua conduta e retidão, a forma respeitosa com que trata advogados, servidores e magistrados. Sua compreensão do colegiado, da importância do diálogo, da argumentação e do respeito. Nunca vi a Flávia em conflito com alguém. A Flávia é daquelas magistradas que representam exatamente o equilíbrio na aplicação do Direito do Trabalho. Então Flávia eu quero, de coração, prestar essa homenagem e dizer que é uma honra, uma satisfação para todos nós termos estado ao teu lado nessa jornada”, destacou o magistrado. 

A decana da SDC, desembargadora Ana Luiza Heineck Kruse, enfatizou o conhecimento e a grande contribuição da desembargadora Flávia Lorena Pacheco ao colegiado que trata dos dissídios coletivos. “No tempo que está aqui, a Flávia passou a ser o nosso baluarte, aquela que conhece todos os procedimentos e nos dá norte. E isso tem uma importância muito grande para o entendimento do Tribunal. A Flávia é uma juíza em essência, preocupada com os limites da lide, com aquilo que está no processo e qual a melhor solução que vai ser dada. E isso é muito importante para o Tribunal e para nós”, afirmou a magistrada.  

Doação à Justiça do Trabalho 

O desembargador Ricardo Carvalho Fraga lembrou o início difícil de vários magistrados da Justiça do Trabalho na metade dos anos 80. “As condições de trabalho não eram boas naquela metade dos anos 80, e a Flávia contribuiu muito conosco. Foi uma das magistradas que participou do que chamamos de mutirão para a compra de computadores que foram doados à Justiça do Trabalho. O seu espírito de solidariedade já ficou visível desde ali”, destacou. 











O desembargador Luiz Alberto de Vargas recordou o momento complicado em que muitos magistrados iniciaram na Justiça do Trabalho durante o processo da constituinte. “Participamos desse processo e depois da Constituição de 1988 continuamos debatendo, se reunindo para discutir jurisprudência e a Flávia sempre parceira, do seu jeito, discreta, leal, com posições firmes, mas sempre conciliatória, solidária. Sabemos que a gente contribui, mas a gente passa e a Justiça do Trabalho continua. E muito da Flávia vai continuar aqui. Especialmente aqui na SDC, que tem a marca da Flávia. Da ponderação da Flávia, do equilíbrio da Flávia, de sua dedicação e empenho”. 


O desembargador Cláudio Antônio Cassou Barbosa agradeceu o convívio com a desembargadora Flávia, “que sempre foi um exemplo de dedicação, de conduta, de tranquilidade e de equilíbrio. Só posso desejar que sejas feliz no próximo período”. O magistrado disse, ainda, que a magistrada deixou “um belo exemplo para que a gente siga em frente prestando a jurisdição". 




Para a desembargadora Denise Pacheco, mais do que colega, “a Flávia é uma amiga, então é difícil de se despedir. Ela realmente é essa referência, é esse equilíbrio fiel da balança, é aquela que diverge dos colegas com doçura, com calma, com ponderação, e que é muito respeitada por todos. A nossa vida na magistratura é uma carreira. A gente fica aqui no dia a dia tentando acertar e fazer o melhor. E a Flávia é a síntese disso”.

O desembargador Clóvis Fernando Schuch Santos afirmou que sempre viu na desembargadora Flávia “um exemplo de magistrada pela sua serenidade, gentileza, educação, sabedoria, dedicação e espírito público. Tenho certeza de que todo esse trabalho ao longo de tantos anos deixa um legado, deixa o exemplo para os que ficam aqui e do fundo do coração também desejo que sejas muito feliz nessa nova etapa da vida. Tenho certeza que ficarás guardada na nossa memória e no lado esquerdo do nosso peito, com muito carinho”, salientou.  


O juiz convocado Roberto Antonio Carvalho Zonta também ressaltou em sua fala a qualidade do trabalho da desembargadora Flávia. “Tive o prazer de conviver com a Flávia na 11ª Turma, durante uma convocação, e o aprendizado lá foi excelente, aprendi muito com a Turma e também com a desembargadora Flávia. Então eu me associo a toda essa homenagem e desejo muitas felicidades na sequência da sua vida”, declarou. 

Servidores 


Em nome dos servidores da Secretaria do Pleno, do Órgão Especial e da SDC, a servidora Cláudia Regina Schroder afirmou que todas as qualidades mencionadas pelos desembargadores são ratificadas pelos servidores. “Acredito que falo em nome também dos meirinhos e de tantos servidores que trabalharam com a senhora. Quero destacar nosso agradecimento pela forma cordial que a senhora sempre teve no tratamento com todos nós. O respeito, o aprendizado que a senhora passou não só como profissional, mas como pessoa e como ser humano. Isso vai ficar marcado em todos nós”, afirmou. 


O secretário da 11ª Turma do TRT-4, Paulo Eduardo Vieira Correa, falou em nome da equipe em entrevista para a Secretaria de Comunicação Social. O servidor lembrou que passou a conviver com a desembargadora Flávia quando foi criada a Turma, em 2011. “Nosso relacionamento sempre foi pautado por muito respeito, cordialidade,  sentido de cooperação e profissionalismo. Sempre tive orgulho e muita honra de trabalhar com a desembargadora, que conduziu com muita eficiência e humanidade os trabalhos da Turma, tomando decisões a partir da composição com os seus pares, sempre ouvindo a todos e todas e buscando o melhor caminho na intenção de prestar uma jurisdição célere e de qualidade. A maneira de ser, de agir e interagir com todos resultou em profunda admiração e respeito dos servidores, advogados e magistrados. Vai deixar um legado de como ser firme nas decisões sem deixar de lado a parte humana, carinhosa e sensível”, declarou. 

Adalmir Araujo Schiaffino, segundo assessor do gabinete da desembargadora Flávia, enfatizou os 25 anos de convívio profissional, de aprendizado e de amizade com a magistrada. “O aprendizado profissional e pessoal tem sustentáculo em qualidades com as quais a senhora se pautou na prestação jurisdicional e na condução da sua equipe de colaboradores, que tive a honra de integrar. Sempre com responsabilidade, sensibilidade e simplicidade. Nesta nova fase da sua vida, desejo muitas alegrias juntos aos seus familiares e amigos”, disse.

Após as manifestações, a desembargadora Flávia foi presenteada com um buquê de flores entregue pelas desembargadoras Ana Luiza Heineck Kruse e Denise Pacheco. 

Despedida

Emocionada, a desembargadora Flávia Lorena Pacheco lembrou sua trajetória na Justiça do Trabalho. “Ter estado aqui na SDC por tanto tempo, sinto como se fosse minha casa, um filho adotivo. Ouvindo cada colega eu voltei no início de tudo”, afirmou. “Éramos uma turma muito unida. Lembro da gente fazer mutirão, fomos os primeiros a informatizar nossas varas. Era um valor expressivo, mas nós resolvemos doar para a Justiça do Trabalho. Compramos os computadores e doamos de bom grado, porque o que a gente queria era justamente a melhora na prestação jurisdicional”, observou. 


A desembargadora destacou que à época era juíza titular em Santana do Livramento e aceitou ir para Santa Maria como juíza substituta. “Então as lembranças são tantas, tão vivas, tão bonitas que não vão se apagar, assim como a amizade que eu tenho por todos os colegas que em algum momento passaram por mim. Além de colegas, são amigos. Eu agradeço a todos vocês, servidores, meirinhos, meus assessores, o pessoal do gabinete que há tantos anos me acompanham”, declarou. “Vou levar todos vocês e a Justiça do Trabalho sempre comigo. Só tenho a agradecer a todos”, concluiu a magistrada.