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Publicada em: 25/04/2023 19:15. Atualizada em: 25/04/2023 19:15.

Psicólogo alerta para riscos do uso excessivo de celular

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Foto da local onde ocorreu a palestra no psicólogo Cristiano Nabuco, no saguão do TRT-4. Aparece o público e, ao fundo, o palestrante num telão.“Você deve colocar a tecnologia no lugar onde ela deve ficar”. “É mais importante você viver a vida do que registrar”. Esses foram alguns dos recados deixados pelo pós-doutor em Psicologia Clínica e PhD em Psicologia Clínica de Dependências Tecnológicas Cristiano Nabuco em palestra para magistrados e servidores do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS), nesta terça-feira (25), com o tema “Viciado, apegado ou usuário das redes sociais: quem é você?”. O evento foi promovido pela Escola Judicial e contou com público presencial, que assistiu à palestra por meio de um telão numa sala no saguão do prédio do TRT-4, e o virtual, pela plataforma Zoom. A iniciativa, que teve apoio do Subcomitê de Atenção Integral à Saúde do Tribunal, faz parte das ações do Abril Verde, mês de conscientização sobre a saúde e a segurança no trabalho.

Sua experiência o levou a prestar consultoria à novela Travessia, da Rede Globo, que aborda o vício de um jovem em jogos eletrônicos. O profissional faz uma participação especial na novela ao interpretar ele mesmo como psicólogo do jovem para mostrar ao público como é o vício em computador, internet e tecnologias em geral.

Foto da local onde ocorreu a palestra no psicólogo Cristiano Nabuco, no saguão do TRT-4. Aparece o público e, ao fundo, o palestrante num telão.Nabuco começou sua fala recuperando os avanços tecnológicos ao longo dos anos, como o lançamento dos grandes portais a partir de 1996, por exemplo, passando pelo aprimoramento da transmissão de dados, até a internet de hoje, chamada de “colaborativa”. Lembrou que a pandemia de coronavírus provocou uma explosão de avanço tecnológico diante das necessidades dos usuários que não podiam sair de casa.

Ele citou uma série de efeitos colaterais sobre o uso excessivo de celular, apresentou resultados de pesquisas e deu dicas de como evitar esses danos.

“Pacientes batem à porta do meu consultório dizendo que não conseguem se desconectar. Algo está saindo do controle”, disse Nabuco.

Conforme o psicólogo, a média de tempo diário na internet pelas pessoas em 2022 no mundo foi de 6h58min. O Brasil aparece em terceiro lugar no ranking mundial, com um tempo de 10h20min. Ele elencou as consequências físicas, mentais e legais.

Saúde física

O psicólogo citou a Síndrome do Olho Seco como uma das consequências físicas. Com a atenção voltada para as telas, as pessoas piscam menos, o que prejudica o globo ocular e, consequentemente, a visão. Quanto ao uso de fones de ouvido, lembrou que estudos revelam que os decibéis gerados são tão perigosos quanto os de turbinas de avião.

Em relação ao sono, disse que a exposição às telas no momento de dormir, atinge células fotossensíveis, fazendo com que o organismo não saiba se é dia ou noite, prejudicando o descanso.Foto da local onde ocorreu a palestra no psicólogo Cristiano Nabuco, no saguão do TRT-4. Aparece o público e, ao fundo, o palestrante num telão.

“Quando a luz toca, o cérebro fica bagunçado e entende que não é noite. Isso provoca mudanças hormonais”, disse Nabuco ao citar que “meia hora de luminosidade antes de dormir diminui em 20% a melatonina (o hormônio do sono)”.

Conforme o psicólogo, outra consequência para crianças e adolescentes do uso excessivo do celular é o fato de inibir o hormônio do crescimento. Além disso, prejudica os estudos.

“Pelo menos 50% do que você lê num celular estudando, você não guarda a longo prazo”, destacou.

A orientação é largar o celular longe de onde vai dormir pelo menos uma hora antes de pegar no sono.

Ele também mostrou estudos que indicam problemas nos músculos esqueléticos (responsáveis pela postura e pelo movimento) dos usuários compulsivos.

“Quem usa muito celular tem uma pressão significativa na nuca. É o equivalente a carregar uma criança nas costas de cerca de 40 quilos. Cerca de 90% dos adolescentes que procuram médicos para tratar do assunto têm problemas de postura”, alerta.

Ele mencionou problemas comportamentais de crianças dos cinco aos sete anos, como hiperatividade e déficit de atenção.

“Não adormeça com o telefone perto de você”, frisou o psicólogo por diversas vezes ao longo da palestra.

Ele também alertou sobre as ondas eletromagnéticas dos celulares, orientando que se uma ligação passar de três minutos, que o usuário coloque o celular no viva-voz ou use fone de ouvido.

Saúde mental

O psicólogo lembrou que há pesquisas que indicam que as mídias sociais viciam mais do que o cigarro. Além disso, podem causar depressão. Ele mostrou uma foto de engenheiros da computação trabalhando durante a madrugada para criar formas de prender cada vez mais o usuário nas mídias sociais. Logo depois mostrou a foto de uma máquina caça-níquel em que o apostador fica apenas deslizando a manivela em busca do prêmio, fazendo uma relação com o Instagram, quando o usuário desliza a tela do telefone esperando curtidas e comentários de postagens aparecerem.

Conforme o psicólogo, atualmente se vive na “sociedade do espetáculo”, pois as pessoas estão mais preocupadas em registrar os momentos com o celular do que aproveitá-los.

“A gente passa a preferir a vida virtual do que a real. Você acaba criando um personagem”, disse Nabuco ao mostrar imagens de pessoas e seus avatares nas redes sociais.

Nabuco ressaltou que estudos revelam que o QI dos jovens está estagnado ou declinando. Ele apresentou vídeo de um Centro de Tratamento de Dependência de Internet na China, onde pessoas são internadas por uso compulsivo de celulares.

Problemas de ordem legal

Além dos problemas de saúde física e mental, Cristiano Nabuco também lembrou os casos de ordem legal, como roubo de dados, plágio e fake news. Além dos riscos com a exposição constante.

“Não subam fotografias de vocês na internet, vocês não sabem onde isso vai parar”, alertou o psicólogo.

Conforme Nabuco, o ideal é não deixar crianças e adolescentes sozinhos usando a internet. É melhor sempre manter a porta do quarto deles aberta, ou que ele fiquem em lugares de passagem da casa.

“Você não sabe o que pode estar acontecendo. A internet pode ser muito perigosa”, disse o psicólogo.

Para Nabuco, esse tema deveria estar sendo discutido nas escolas.

“Pesquisas no Reino Unido indicam que o uso excessivo de internet por adolescentes pode provocar automutilação”, alertou.

Nabuco disse que as pessoas nunca devem entrar em reuniões com celulares, que isso tira a atenção do foco principal do encontro. Também aconselhou a redução do uso dos aparelhos durante o trabalho. Disse que quando você interrompe a concentração na leitura de algo para mexer no celular, a retomada da atenção leva 23 minutos.

“Não queiram fazer várias coisas ao mesmo tempo”, sintetizou.

O psicólogo encerrou respondendo a perguntas do público. Deixou um recado para pais e mães sobre o uso do celular na infância:

- 0 aos 2 anos - zero exposição

- 2 a 5 anos - 1 hora por dia

- 6 aos 12 anos - 2 horas por dia

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Fonte: Eduardo Matos (Secom/TRT4)
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