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Publicada em: 13/06/2022 10:04. Atualizada em: 13/06/2022 10:07.

ARTIGO: Melhor do que estar nas 'ruas'. Texto de autoria da juíza Carolina Gralha.

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Juíza Carolina Gralha
Juíza Carolina Gralha

Artigo originalmente publicado no jornal Zero Hora, edição conjunta de 11 e 12 de junho.

Melhor do que estar nas 'ruas'

É assim que começa a mais cruel narrativa sobre o trabalho infantil. É melhor a criança estar trabalhando do que estar nas “ruas”. Claro, se não forem os nossos filhos, certo? Porque a crueldade reside na permissividade da exploração da mão de obra de um jovem se ele for pobre ou se estiver em situação de vulnerabilidade.

Essa criança, então, terá um melhor futuro se trabalhar em uma feira carregando carrinhos de verduras, separando lixo em lixões, na sinaleira vendendo balas, fazendo faxina na casa da patroa da mãe, engraxando sapatos, plantando e colhendo nas lavouras. Tudo isso sem respeitar o seu corpo, as suas forças, as suas emoções e a sua formação, evidentemente. Quem acredita nisso? As estatísticas da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) apontam que esses jovens na sua maioria abandonam a escola, não têm a formação adequada e, por consequência, acabam sendo assalariados de baixa renda quando adultos, isso sem falar da grave consequência em seus desenvolvimentos físico e emocional.

O que temos que perceber é que ao colocar a criança para trabalhar é lhe negar a oportunidade de ser apenas criança, de brincar, aprender e se desenvolver dentro do seu tempo e das suas condições. Frequentar a escola, ter opções de vida e não apenas lhe render serviços que, no futuro, perpetuarão a sua pobreza. É permitir que o jovem tenha esperança, o que não ocorre com 1,8 milhão de crianças e adolescentes que hoje são exploradas em nosso país, inclusive nas piores formas de trabalho infantil.

O dia 12 de junho, marcado pelo Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil, é uma oportunidade para reconhecermos que precisamos fazer mais. E, antes de encerrar, se você trabalhou na infância ou conhece alguém nessa condição e que está bem hoje, não utilize isso como justificativa de defesa dessa violência, vocês são as raras exceções que comprovam a regra da reprodução do ciclo de pobreza das famílias e suas gerações.

Carolina Gralha
Juíza do Trabalho, gestora regional do Programa de Combate ao Trabalho Infantil da Justiça do Trabalho
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Fonte: Secom/TRT4
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