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Publicada em: 03/04/2019 20:23. Atualizada em: 17/06/2019 17:26.

Semana Internacional do Autismo: palestras sobre o tema marcaram a quarta-feira no TRT-RS

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Palestra sobre autismo no TRT-RS
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A programação preparada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS) em alusão à Semana Internacional do Autismo teve, nesta quarta-feira (3), quatro palestras ministradas por especialistas na área. As atividades foram conduzidas pela juíza do Trabalho Raquel Nenê Santos, do Comitê de Equidade de Gênero, Raça e Diversidade do TRT-RS.

03-Autismo_simone.jpgAbrindo o turno da manhã, a médica nutróloga Simone Pires abordou o autismo sob a visão da medicina integrativa. Sua primeira especialização foi em anestesiologia, mas depois que se tornou mãe de Felipe, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e hoje com 18 anos de idade, passou a se dedicar com mais ênfase ao atendimento a pacientes com esse diagnóstico.

Administradora de uma página no Facebook sobre o tema, Simone falou aos presentes sobre os testes utilizados para diagnóstico do TEA. Ela explicou que o autismo é causado por uma base genética associada a algum gatilho ambiental, relacionado à mãe, ao pai e ou à própria criança. Na sequência, a convidada citou distúrbios que uma pessoa autista pode sofrer concomitantemente, como problemas gastrointestinais, intolerância a alimentos, transtornos sensoriais (excessiva sensibilidade em alguns dos sentidos), dificuldades de sono, além de alterações metabólicas e imunológicas. Entre os distúrbios neuropsiquiátricos, os mais comuns em pessoas com TEA são convulsões (70% dos casos), transtorno de ansiedade (100%), incapacidade de fala funcional (76%), hiperatividade (60 a 70%) e TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade – 60%). O tratamento, segundo a médica, é baseado principalmente em dietas e ingestão de suplementos. Vinte minutos diários de algum exercício aeróbico, em atividades típicas da idade (no caso de criança, subir em árvore, pular corda, jogar futebol, etc) também contribuem. “Os tratamentos são diversos e individualizados”, afirmou Simone, informando que cerca de 20% dos pacientes se recuperam dos distúrbios associados ao autismo.

03-Autismo_Claudia2.jpgA segunda palestra da manhã foi ministrada pela psicopedagoga Cláudia Zirbes. A convidada discutiu aspectos emocionais e comportamentais do autismo. Ela dedicou sua fala à relação entre esses dois campos, mostrando como a organização interna dos autistas afeta a formação de suas habilidades sociais. Uma das características citadas foi que, devido à própria falta de interesse na interação com outras pessoas, desde muito cedo a criança autista perde oportunidades de aprendizado que se dariam pela imitação ou cooperação com outros indivíduos. Outra característica comum dos Transtornos de Espectro Autista é a hipo ou hiper-responsividade sensorial da criança – que pode ser afetada de forma diferenciada por estímulos diversos, tais como barulhos, luzes, gostos e até pessoas. Essa sensibilidade gera comportamentos repetitivos (de busca do estímulo), aversivos (de fuga ou evitação) e até de aparente indiferença a sensações como sons fortes e dores físicas.

Por conta dessas diferenças, rótulos equivocados são muitas vezes atribuídos aos autistas, pois comportamentos específicos como agressividade, desinteresse e isolamento acabam sendo avaliados sem entendimento do contexto que encadeou seu aparecimento. “No pensamento das pessoas que não têm transtorno autista, os estímulos são processados de forma simultânea. Consegue-se rapidamente processar a troca de informação com um desgaste relativamente pequeno. No autista, esse processamento é sequencial, e ele não troca facilmente. Isso faz com que o cérebro trabalhe geralmente com maior gasto de energia, com desgaste e acionamento de sistemas de defesa”, resume Cláudia. Para lidar com essa diferença, pais e escolas devem aprender a criar ambientes que protejam e estimulem a criança. “Precisamos mudar de paradigma e nos tornar mais tolerantes”, afirma. Ela reforça que ainda existe muita margem para que os pais ajudem na adaptação dos filhos, adotando estratégias de aprendizagem adequadas aos TEA e evitando tratamentos farmacológicos excessivos.

A importância da linguagem para o desenvolvimento

03-autismotarde1.jpgAs atividades do turno da tarde tiveram início com a palestra “Linguagem, Desenvolvimento e Comunicação Alternativa no Autismo”, da pesquisadora e professora Renata Costa de Sá Bonotto. Na abertura de sua exposição, Renata falou sobre a Tecnologia Assistiva, uma área do conhecimento que reúne ferramentas e métodos para gerar mais autonomia e qualidade de vida a pessoas com deficiência. Segundo a pesquisadora, a Tecnologia Assistiva pode trazer muitos benefícios para pessoas portadoras do Transtorno do Espectro Autista, permitindo maior inclusão e ajudando a romper barreiras que são criadas. “Uma das barreiras é a atitudinal, que está relacionada com a postura que adotamos frente às pessoas com deficiência. No caso do espectro do autismo, essa barreira é observada principalmente com as pessoas que não falam. Às vezes se acredita que aquela pessoa está alheia ao mundo, mas esta é uma impressão equivocada. A comunicação é basilar para o ser humano e pode ser desenvolvida com as ferramentas adequadas”, explicou a pesquisadora. “Para quem não tem deficiência, a tecnologia torna as coisas mais fáceis. Para quem tem deficiência, a tecnologia assistiva torna as coisas possíveis”, afirmou. 

Renata concentrou sua palestra especialmente na Comunicação Aumentativa Alternativa (CAA), uma das ferramentas que fazem parte das tecnologias assistivas. Conforme a pesquisadora, a CAA é “aumentativa” quando utilizada para ampliar a compreensão de pessoas autistas com limitações na fala, e “alternativa” quando possibilita a expressão de autistas que não conseguem oralizar, ou apresentam uma fala que é desconexa com aquilo que pretendem comunicar. A CAA envolve técnicas como o uso de placas, cartões, sinais, desenhos, ou mesmo tablets com aplicativos ligados a um vocalizador. “A comunicação alternativa permite o contato da pessoa portadora de autismo com os símbolos, e este é o caminho para o desenvolvimento da linguagem. A linguagem leva à maior autonomia, que por sua vez permite a maior participação social e o desenvolvimento geral da pessoa”, explicou a palestrante. “O autismo é um transtorno de desenvolvimento. Precisamos estar focados em melhorar o desenvolvimento dessas pessoas, e a Comunicação Aumentativa Alternativa é uma excelente ferramenta para nos ajudar nessa caminhada”, concluiu.

Atividade física

03-autismotarde2.jpgNo encerramento das atividades do dia, o professor de Educação Física Fernando Benedetti falou sobre a importância das tarefas de vida diária e dos exercícios físicos para o desenvolvimento das pessoas com autismo. Ele é pai de dois filhos autistas: Lucca, de 12 anos de idade, e Vitor, com 22.

Segundo o professor, todas as atividades físicas trabalhadas com um autista devem ser adaptadas às suas habilidades particulares, tais como jogos, brincadeiras, exercícios, entre outras. Essas tarefas serão melhor assimiladas se integradas com o comportamento da pessoa com autismo. Como exemplos, o professor explicou que os autistas, geralmente, possuem estereotipias, ou seja, gestos, manias, como balançar o corpo, passar a mão na boca, coçar o nariz, dentre outras. No caso, se um autista tem a estereotipia de levantar as mãos, esse gesto pode ser integrado em uma atividade que utilize esse mesmo tipo de movimento, como jogar vôlei. Assim, a atividade fica mais harmônica com o que o autista já faz habitualmente.

Na visão do educador, quem trabalha com o autista deve elaborar exercícios e executá-los de forma prática, se for o caso fazendo as atividades antes com seu próprio corpo para demonstrar essa execução. As ordens devem ser claras e concisas, para que a pessoa com autismo compreenda de imediato e consiga se organizar para realizar a tarefa. O professor ressalta que a apropriação do corpo é um processo lento para quem tem autismo, e que o profissional deve ter paciência e avançar com pequenas conquistas para que essa apropriação ocorra. "As três palavras para quem trabalha com pessoas com autismo são: paciência, paciência e paciência", concluiu o educador.

O evento também contou com a presença dos alunos da Comunidade Jurídico-Trabalhista do Projeto Pescar na plateia. As atividades da Justiça do Trabalho gaúcha em alusão à Semana Internacional do Autismo seguem até esta quinta-feira (4/4).

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Fonte: Secom/TRT-RS
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