Documentário “Ser criança” é exibido no Instituto Ling com debate sobre o trabalho infantil
Curta-metragem produzido no RS é veiculado pelo canal Futura e está disponível no Facebook do MPT-RS
Foi realizada nessa terça-feira (16/10) a projeção do documentário “Ser criança – um olhar para a infância e a juventude diante do trabalho no BrasilAbre em nova aba”, no Instituto Ling, em Porto Alegre. A produção, da Transe Filmes, estreou na última sexta-feira, Dia da Criança, no canal Futura e se baseia em entrevistas com crianças e adolescentes vítimas de acidentes de trabalho infantil e membros da rede de proteção à infância e líderes de organizações não-governamentais (ONGs). O evento contou com a presença da desembargadora Maria Madalena Telesca e da juíza Maria Silvana Rotta Tedesco, integrantes do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-RS) e gestoras do Programa de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo à Aprendizagem.
A entrada para a projeção foi livre, e o público pôde conhecer dois dos entrevistados: a conselheira tutelar Joana dos Reis, de Viamão, que trabalhou quando criança e hoje atua na zona rural do Município no combate ao trabalho infantil, e MC Rafa, do grupo Rafuagi, da Casa de Hip Hop de Esteio, entrevistado da versão estendida do documentário. A mediação foi feita pelo diretor do curta André Costantin, pelo produtor executivo Daniel Herrera e pela coordenadora de Combate à Exploração do Trabalho de Crianças e Adolescentes (Coordinfância) do MPT, procuradora Patrícia de Mello Sanfelici.
Para a procuradora, o documentário, resultado de 10 meses de trabalho, ajuda a colocar o debate sobre o trabalho infantil em um contexto amplo, destacando o impacto que ele traz para a pessoa no longo prazo. “O trabalho infantil não é particularidade de meio urbano ou rural, de atividade lícita ou ilícita, ou de um determinado setor. Isso mostra como ele é endêmico da nossa sociedade e como não se apresentam oportunidades de saída, escolarização ou inserção familiar para estas crianças e jovens em vulnerabilidade”, avaliou. De acordo com ela, os números sobre trabalho infantil, inclusive os de morte em decorrência de acidentes, mesmo que já altos, são subestimados.
O diretor do curta, André Costantin, destaca que a edição projetada no Instituto Ling, reduzida do produto final de 36 minutos, foi feita com o intuito de ser passada em horário livre, para o maior número de espectadores possível. Ele também adianta a possibilidade de fazer do curta o primeiro de uma série que trate de aspectos específicos do trabalho infantil, como o trabalho artístico e a exploração sexual, entre outros.