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Publicada em: 27/08/2012 00:00. Atualizada em: 27/08/2012 00:00.

Trabalhadores com deficiência visual falam sobre suas experiências profissionais em seminário da SRTE-RS

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Ocorreu, na tarde da última quinta-feira (23/8), no auditório da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Rio Grande do Sul (SRTE-RS), o seminário "A Inclusão da Pessoa Cega no Mercado de Trabalho". O evento foi promovido pelo Comitê Pró-Inclusão da SRTE-RS e reuniu empregados com deficiência visual e seus supervisores nas empresas. O objetivo do encontro foi a troca de ideias e a apresentação de depoimentos de pessoas cegas bem sucedidas em seus postos de trabalho. Estiveram presentes, como expectadores, representantes de empresas sob fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego quanto ao cumprimento da lei de cotas, além de representantes de entidades de pessoas com deficiência e de órgãos públicos de assistência social e saúde.

No início do encontro, o auditor-fiscal do trabalho Rafael Giguer, que é cego, falou sobre a importância desse tipo de evento, que congrega as opiniões das empresas e dos trabalhadores em seu ambiente de trabalho. Num segundo momento, Giguer passou a palavra à socióloga Melissa Bahia, deficiente visual que atua na área da inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Ela falou sobre a resistência dos empregadores e os mitos criados em relação a pessoas com deficiência. "Tem empresa que não contrata cegos porque existem escadas em suas dependências. Outras afirmam que não podem parar o trabalho para dar atenção a uma pessoa cega, sendo que isso na maioria dos casos é absolutamente dispensável. São equívocos", afirmou.

Segundo Melissa, a falta de tecnologia assistiva e acessibilidade nas empresas, além do descumprimento das leis de cotas, não são os únicos obstáculos à inserção de pessoas com deficiência no mundo do trabalho. "Também verificamos muitas vezes o despreparo de quem procura uma vaga e a total desinformação de quem a oferece", avalia. Para a socióloga, os empregadores não conhecem as potencialidades desse grupo de trabalhadores e criam muitas barreiras atitudinais na hora da contratação. "Tem chefes que entram em pânico ao entrevistar um candidato com deficiência", exemplificou.

Como segunda atividade do seminário, foi composta mesa com três trabalhadores cegos e respectivos representantes das empresas em que atuam. Eles relataram suas experiências profissionais bem sucedidas e falaram do significado do trabalho em suas vidas. A mesa foi mediada pelo servidor da Secretaria de Comunicação Social (Secom) do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, jornalista Juliano Machado, que é cego desde os 10 anos de idade.

Para Gisele Oliveira, trabalhadora que realiza a gestão do programa de inclusão da Unimed Porto Alegre, o emprego significa muito mais que seu sustento. "O trabalho é inclusão social. Lá tenho mais que colegas, tenho irmãos", afirmou. Ela disse que sente saudade do trabalho quando sai de férias e se emocionou ao relatar a acolhida que teve na empresa e a convivência que tem com colegas e supervisores.

Já Marcelo Matos, operador de produção na General Motors do Brasil, em Gravataí, explicou como funciona seu trabalho e falou da satisfação em estar no serviço. Ele monta para-choques de automóveis e disse que trabalha com autonomia e agilidade, sem precisar de auxílio de colegas o tempo todo. Questionado sobre sua presença na linha de montagem, local geralmente considerado pelos empregadores inseguro para deficientes, Matos explicou que não fica exatamente na linha de montagem, mas sim em um local próximo, juntamente com outros trabalhadores que realizam serviços mais leves.

Donizete Martins, empregado da AGCO do Brasil, também falou sobre sua função na empresa, que consiste na colocação da grade da parte dianteira de tratores. "Da portaria que utilizo para entrar na empresa até meu local de trabalho são mais ou menos 800 metros. Tenho que passar por várias linhas de trabalho. Adaptaram um pouco o ambiente para facilitar minha locomoção e agora faço tudo isso sozinho", explicou. "Já comprei minha casa e meu carro com o que ganho no meu serviço", afirmou, satisfeito.

O administrador de sistemas Jorge Fernando Vieira, do provedor Terra, não pôde estar presente no seminário, mas seu supervisor, Samuel Dall'agnol, relatou que Vieira é reconhecido e respeitado pelo seu conhecimento técnico em informática. "Ele é o responsável pelo melhor projeto de backup existente no Terra", frisou. "Recentemente, foi aprovado em uma seleção para pós-graduação subsidiada pela empresa. Concorreu com mais de 1200 candidatos, sendo que eram 10 vagas oferecidas", destacou. "Ele sempre topa os desafios e consegue superá-los", avaliou Dall'Agnol.

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Fonte: Juliano Machado - Secom/TRT4
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