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Publicada em: 21/10/2021 14:13. Atualizada em: 21/10/2021 19:11.

Outubro Rosa: Presidente Carmen Gonzalez e duas servidoras falam sobre como enfrentaram o câncer de mama e enfatizam a importância da prevenção

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Início do corpo da notícia.

Dados indicam aumento de casos de câncer de mama entre servidoras e magistradas da Justiça do Trabalho gaúcha.

outubro rosa 2.jpgNo momento em que recebeu o diagnóstico de câncer de mama, a servidora aposentada Marguit Elisa Landmeier, ex-secretária da 7ª Turma do TRT-RS, teve medo de morrer. "Mesmo com toda informação que a gente tem, é inevitável pensar na morte". Já Miriam Meinhardt Peixoto, ex-diretora da Vara do Trabalho de Cachoeira do Sul, hoje também aposentada, nem conseguiu voltar ao trabalho após visualizar o resultado dos exames que lhe trouxeram a mesma notícia. "Fiquei sem condições até de dirigir, precisei que alguém fosse me buscar". "É uma coisa muito difícil para nós mulheres, também por se tratar de um órgão muito ligado ao feminino", relatou a presidente do TRT-RS, desembargadora Carmen Izabel Centena Gonzalez, ao falar do impacto que sentiu ao saber que tinha a doença.

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Carmen Gonzalez

As servidoras Miriam e Marguit e a desembargadora Carmen fazem parte de um grupo significativo de servidoras e magistradas da Justiça do Trabalho do Rio Grande do Sul que tiveram câncer de mama nos últimos anos. Um dado que demonstra essa realidade é o fato de que, de 2010 para cá, 43% das isenções de imposto de renda em proventos de aposentadorias concedidas pelo TRT-RS a mulheres tiveram como fundamento a presença de neoplasia maligna na mama. A doença está no rol das moléstias graves elencadas pela Lei nº 7.713/88 como capazes de gerar o benefício da isenção do imposto de renda sobre os proventos de aposentadoria, independentemente de a doença ter sido adquirida antes ou depois da aposentação.

Marguit e Miriam passaram pela doença quase com a mesma idade: 52 e 50 anos, respectivamente. Ambas tiveram também a mesma sequência de tratamentos: submeteram-se a cirurgias e posteriores sessões de radioterapia. Na época em que souberam da doença, elas eram servidoras ativas e precisaram se afastar do trabalho para a realização dos procedimentos e a recuperação.

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Marguit Elisa Landmeier

A soma dos dias de afastamento de servidoras e magistradas ativas para tratamento de câncer de mama, aliás, é um dado que também permite inferir o aumento significativo de casos na Justiça do Trabalho gaúcha nos últimos anos.  Em 2018, foram 48 dias; em 2019, 83; em 2020, 160; e, em 2021, até o final do mês de agosto, já tinham sido contabilizados 147 dias.

No caso da presidente Carmen, o diagnóstico foi conhecido em maio de 2020 e seguido por sessões de quimioterapia e de uma cirurgia de pequeno porte. A magistrada, à época, optou por não se afastar do trabalho mesmo durante a realização da quimioterapia, já que o aprofundamento da pandemia do novo coronavírus exigiu uma série de medidas a serem tomadas pela Presidência do Tribunal. "O trabalho remoto, nesse sentido, até me ajudou, porque após uma sessão de quimioterapia que tivesse sido complicada, eu podia combinar com meu assessor um pequeno afastamento, uma meia hora, para descansar um pouco. Em casa isso era possível”, relata.

A doença tem alta prevalência na comunidade em geral e afeta, principalmente, mulheres com idade acima dos 50 anos, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), mas pode atingir pessoas adultas de qualquer idade, sem distinções entre classes sociais. Devido à importância da prevenção e da conscientização quanto a esse tipo de neoplasia, diversas entidades do mundo todo uniram-se para instituir o Outubro Rosa, com o objetivo de levar informações de qualidade sobre a doença a todas as mulheres.

Existem diversos tipos de câncer de mama, sendo que para cada tipo exige-se um protocolo e uma gama de procedimentos para o tratamento. Por isso, segundo Marguit, o momento que se segue ao diagnóstico é o mais tenso de todos, devido às dúvidas que surgem quanto às medidas a serem tomadas. Conforme a servidora, também é um período de alta ansiedade, pela sensação corrente de que cada dia a mais de demora pode agravar a situação.

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Miriam Peixoto

Miriam teve dois tipos distintos da doença. Em 2001, foi detectado o carcinoma do tipo infiltrante ou invasivo, que tem como característica principal a possibilidade de gerar metástases. Como tratamento, fez cirurgia e 25 sessões de radioterapia. Nos exames de monitoramento da doença, em 2003, descobriu que tinha, na mesma mama, carcinoma do tipo in situ, que é localizado e não se alastra para outras partes do corpo. Novamente precisou se submeter à cirurgia, dessa vez para retirada total da mama. "Na segunda cirurgia tive problemas de cicatrização. Fiquei dois meses fazendo curativos recorrentes, e precisei de outra cirurgia para suturar o local atingido", conta.

Marguit, por sua vez, teve o tipo in situ, detectado em 2017. Ela lembra da cirurgia e dos dias de hospitalização, mas principalmente do dreno que precisou manter acoplado à mama por vários dias, como parte do procedimento. Após a cirurgia, passou por 28 sessões de radioterapia.

Cada mulher atingida vivencia a experiência da doença e do tratamento de maneiras distintas. A presidente Carmen, por exemplo, optou por não contar, em um primeiro momento, sobre o diagnóstico para amigos e colegas de trabalho. "Senti que iam ficar muito preocupados pelo fato da presidente do Tribunal estar com a doença", afirma. "E as pessoas ficam felizes quando contamos e já avisamos que aquilo passou", observa. Ela falou a respeito da doença quando já havia feito as sessões de quimioterapia e estava prestes a realizar a cirurgia. Posteriormente, também fez sessões de radioterapia.

Apesar do sofrimento vivido durante o tratamento, hoje as três estão curadas e conseguem falar da experiência de forma serena. Como mensagem às servidoras e magistradas do TRT-RS, enfatizam a necessidade de realizar exames de maneira regular, por tratar-se da melhor forma de detectar uma eventual doença ainda em estágio inicial, quando as chances de cura são muito maiores. Tanto Miriam como Marguit descobriram a doença nesses exames.

Além da necessidade periódica dos exames de rotina, a presidente Carmen também ressalta a importância do toque. "Nós, mulheres, conhecemos muito bem os nossos corpos. Eu detectei que havia algo diferente ao fazer o autoexame", relata. "Outra recomendação que costumo passar é a seguinte: descobriu o diagnóstico, vai ficar triste. Mas levanta, sacode a poeira e enfrenta. Seja com o SUS, seja com o plano de saúde, faça tudo que os médicos recomendarem. Não é fácil, mas é possível superar".

Mais informações

No portal do IncaAbre em nova aba é possível obter diversas informações referentes ao câncer de mama, tais como prevalência nas diversas regiões do Brasil, depoimentos de quem já teve a doença, formas de prevenção e estatísticas gerais sobre a doença no nosso país e no mundo. Neste linkAbre em nova aba, é possível baixar a cartilha feita pelo Instituto sobre a doença, em formato PDF. O material é utilizado como parte da campanha do Outubro Rosa.  

Fim do corpo da notícia.
Fonte: Juliano Machado (Secom/TRT4). Fotos: Inácio do Canto (Secom/TRT4), Depositphotos (Banco de Imagens) e Arquivo Pessoal
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