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Publicada em: 12/05/2008 00:00. Atualizada em: 12/05/2008 00:00.

Maio de 1968 (Primeira Parte)

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Rafael da Silva Marques*

Para muitos, entre eles o presidente da França Nicolas Sarkozy, maio de 1968 foi apenas um movimento de pessoas irresponsáveis. Ressalvadas opiniões preconceituosas, pergunta-se: o que foi este movimento e o que ficou?

Primeiramente diga-se que o movimento não teve inicio na França. Começou antes na Itália, Alemanha e Japão. Neste ultimo, a Federação Japonesa das Associações Estudantis Autônomas conduziu uma luta que foi mal compreendida pela sociedade local. Basicamente contestavam o imperialismo estadunidense. Na Itália, os movimentos estudantis, sob influência dos grupos marxistas, não se contentaram em ocupar universidades. Em Roma, Nápoles e Milão, entre outras cidades, se contestou o método pedagógico implantado. De picaretas e capacetes enfrentaram os neonazistas e buscaram aliança com os trabalhadores. Já na Alemanha Ocidental, a Liga dos Estudantes Socialistas não tinha contato com a classe operária. Seu líder, Rudi Dutschke, inspirado em Rosa Luxemburgo, Che Guevara e Herbert Marcuse, criticou a burocratização do marxismo e a sociedade de consumo. 

Estes movimentos se espalharam por toda a Europa, inclusive Polônia e Inglaterra. Nesta, o foco foi o protesto contra a Guerra do Vietnã, atingindo inclusive a London School of Economics, com a interrupção de cursos, assembléias-gerais e greves.

Já na França os jovens tomaram as ruas em maio. Era estranho que naquele país os movimentos de 1968 ainda não tinham começado. Sufocados pela burocratização e repressão, começam a lutar pela liberdade e o direto de viver de uma forma diversa daquela dita ideal. Note-se que a França vivia seus trinta anos gloriosos, com grande crescimento econômico entre 1945 e 1973. Aumentou-se por demais o poder de compra e o consumo, ambos impulsionados pelo rádio e pela televisão.

O movimento na França, na verdade liderado por estudantes e trabalhadores, tinha como motor reivindicações existenciais. Milhares de pessoas questionavam seu ser, o que eram, o que poderiam e queriam fazer e como fazer. Qual era o verdadeiro sentido de suas vidas e até onde tinham o controle de seus destinos. Ao mesmo tempo, os guardiões dos bons costumes se mantinham extremamente fortes. Exemplo disso é que na França não se admitia ministros de Estado divorciados e nas universidades separavam-se os rapazes das garotas, com censura prévia a livros e publicações.

Esta geração, conhecida como baby boom, em nada se parecia com seus pais, tanto na maneira de vestir-se, quanto em seu comportamento. Queria mais liberdades, mais emancipação e mais autonomia. Rejeitavam também a luta entre uma superpotência ocidental e um pequeno país pobre e agrário da ¿?sia. Criticavam, portanto, os valores ocidentais como a corrida desenfreada pelo lucro e o consumo, denunciavam a alienação e a perda do livre arbítrio dos indivíduos frente à produção exagerada.

Maio de 1968 na França, para Patrick Rotman, foi um simulacro "de revolução que levou a reformas sociais a longo prazo. A mais importante delas foi na relação entre homens e mulheres, conquistada pelo movimento feminista nascido em 1970, cuja luta de certa maneira, iria subverter o esquerdismo político. [...] os pais passaram, pela primeira vez, a manter um verdadeiro dialogo com seus filhos. Uma relação de confiança mútua foi criada. A escola, por meio de novas experiências pedagógicas, também iria passar por mudanças profundas. Toda esta revolução cultural do pós-Maio de 68 pode ser definida em uma frase: "a sociedade francesa desabrochou". Era o fim do pudor exagerado e entrava-se numa nova era marcada pelo surgimento da liberdade sexual".

O movimento, contudo, não se restringiu à ¿?sia e Europa, houve manifestações no Brasil também. (Continua no próximo domingo)

* Juiz do Trabalho Substituto da 4ª Região

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Fonte: O Sul, 11/5/2008
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