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Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região

Escola Judicial

Publicada em: 20/11/2023 15:06. Atualizada em: 20/11/2023 15:07.

Palestra da promotora Lívia Vaz encerra Fórum Antirracista do TRT-4 com reflexões sobre a trajetória de profissionais negros

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Foto da promotora de Justiça do Ministério Público da Bahia Lívia Sant'Anna Vaz palestrando.
Lívia Vaz

Após três dias de debates, terminou, nesta quinta-feira (16/11), o 5º Fórum Aberto de Educação Antirracista do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS). O evento, organizado pelo Comitê Gestor de Equidade de Gênero, Raça e Diversidade do TRT-4, pelo Coletivo de Servidores e Servidoras Negros e Negras e pela Escola Judicial, promoveu discussões a respeito do racismo.

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Leia também: "O tokenismo é uma mostra de resistência do racismo", afirma professora da UFRJ no Fórum Antirracista do TRT-4Abre em nova aba

A palestra de encerramento teve como tema “Percursos Negros. A Trajetória Pessoal e Profissional de Negros e Negras de Destaque na Mídia Nacional”. A palestrante foi a promotora de Justiça do Ministério Público da Bahia Lívia Sant'Anna Vaz, reconhecida, em 2020, como uma das Pessoas de Descendência Africana Mais Influentes do Mundo - Edição Lei e Justiça (Most Influential People of African Descent). A palestra ocorreu no Auditório Ruy Cirne Lima, do Foro Trabalhista de Porto Alegre. A mediação foi da servidora do TRT-4 Gladis Carita Marques.

Lívia Vaz e Gladis Marques
Lívia Vaz e Gladis Marques

Lívia começou falando sobre o racismo estrutural existente no Brasil. “Quando escutamos a afirmação de que no Brasil não existiu o Apartheid, eu respondo que existe Apartheid. Ele só não é algo declarado como oficial. Mas quando eu sei onde encontrar, prioritariamente pessoas negras de um lado e pessoas brancas de outro, nós estamos vivendo um Apartheid”, sustentou a promotora.

O Apartheid foi um regime político segregacionista que ocorreu entre 1948 e 1994 na África do Sul. O governo da época criou leis que separavam negros e brancos. O maior nome da resistência ao Apartheid foi Nelson Mandela, que ficou 27 anos preso e, quando saiu da cadeia, foi eleito presidente do país. Em 1993, foi vencedor do Prêmio Nobel da Paz.

Para Lívia, não adianta falar sobre racismo apenas com dados e teoria, é preciso mostrar o racismo. “É preciso que as pessoas escutem narrativas de experiências e vivências de racismo para compreenderem como dói e como condiciona a nossa gente”, destacou. Logo após a palestra, os desembargadores Ricardo Martins Costa, vice-presidente e presidente eleito do TRT-4, e Gilberto Souza dos Santos se pronunciaram.

Gilberto Souza dos Santos
Gilberto Souza dos Santos 

O desembargador Gilberto disse que o racismo é uma triste realidade que precisa ser enfrentada. “A discriminação, a exclusão de seres humanos das oportunidades é uma situação imcompatível com o Estado Democrático de Direito. Representa um Estado de Exceção”, destacou o magistrado.

O desembargador lembrou da sua infância e da luta de seus pais para que ele pudesse estudar e fazer a sua formação em Direito. “Eu sou uma pessoa negra, descendente de escravos. Eu sou da primeira geração que teve acesso a curso superior. Não lembro de ninguém da minha geração cujos pais tenham tido curso superior”, disse Gilberto.

Martins Costa destacou que a Escola Judicial do TRT-4 tem um papel importante para debates como esse, do combate ao racismo. “A Escola Judicial tem atuado bastante na temática do racismo. E esse assunto deve cada vez mais ser objeto de estudo e reflexão. A Escola tem um papel de trazer para o debate também as novas gerações”, disse o desembargador.

Ricardo Martins Costa
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O magistrado lembrou da criação do Fórum há cinco anos, numa discussão coletiva dentro do Tribunal. Ressaltou que as palestras e os encontros reforçaram a ideia de formar e educar pessoas para que pensem as relações raciais de forma mais humana e comprometida.

“A construção de uma sociedade mais justa e igualitária passa necessariamente pela vontade coletiva. Pessoas negras devem estar em todos os espaços. E nós, pessoas brancas, temos o compromisso de promover e fazer o que tiver ao nosso alcance para tornar isso realidade”, acrescentou Martins Costa.

Logo após a palestra, ocorreu a apresentação da banda “50 Tons de Pretas”, liderada pelas artistas Dejane Arruée e Graziela Pires.

Outros dias do Fórum

No dia 8 de novembro, o tema abordado foi "As Consequências do Tokenismo na Saúde Mental das Pessoas Negras e a Síndrome do Negro Único". Como palestrantes, estiveram presentes a professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Alessandra Pio Silva, mestre e doutora em educação pela instituição e doutoranda em Psicologia Social pela Universidade Federal da Bahia (UFBA); e a psicóloga Irimara Gomes Peixoto, psicanalista em formação e mestre em Estudos de Gênero e Sexualidade Feminina pela Georgia State University, em Atlanta, nos Estados Unidos.

No dia 10 de novembro, ocorreu uma roda de conversa online com o tema “Token, eu!”. Na oportunidade, foram feitos relatos das experiências sobre como é ser uma personalidade negra reconhecida em sua área de atuação. Os palestrantes foram Evanilda Souza de Santana Carvalho, mestre e doutora em Enfermagem pela Universidade Federal da Bahia e pós-doutorada no College of Nursing - University of South Carolina, Columbia - Estados Unidos; Guilherme Soares Dias, jornalista, empresário, consultor em diversidade e viajante; e Renato Cirilo Neves, gestor de restaurantes, formado em gastronomia e administração de empresas, pós-graduado em gestão financeira e controladoria.

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Fonte: Texto de Eduardo Matos e fotos de Guilherme Villa Verde (Secom/TRT-4)
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