IA em pauta: oficina convida gestores (as) do TRT-RS a surfar a onda da transformação digital
Nesta quinta-feira (26/6), a Inteligência Artificial (IA) foi um dos destaques do 28º Encontro Anual de Gestores e Gestoras do TRT-RS, em Canela.
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Neste segundo dia, o evento dividiu o grupo de participantes em dois: enquanto parte esteve em uma aula prática sobre Linguagem Simples, a outra metade participou da imersão em IA conduzida pelo servidor Frederico Oliveira Cardoso, assessor de inovação do Tribunal, com participação de André Farias, diretor da Setic.
A abertura ficou por conta de um avatar virtual: S.A.R.A — Sistema Autônomo de Reflexão Aplicada — uma personagem de IA que, com bom humor e um toque humano, deu boas-vindas à oficina.
Com cabelos cacheados, óculos e um terno azul escuro sobre uma blusa clara, SARA destacou que “o que transforma de verdade não são as ferramentas, são as pessoas que as usam e a forma como fazem isso. São os olhares, as conexões e, claro, até as fofocas de corredor. Opa! Digo, conversas de corredor”.
Apesar do carisma da anfitriã digital, o centro da oficina foi o conteúdo. Coube a André Farias introduzir a temática e lançar questionamentos provocativos ao público. Ele enfatizou que a inteligência artificial não é um conceito distante ou futurista, mas uma realidade já incorporada ao cotidiano — inclusive no ambiente de trabalho do TRT-RS.
"A IA veio para transformar a forma como a gente faz as coisas, trabalha e, quem sabe, até vive melhor. Ela está no nosso dia a dia, queiramos ou não. Já utilizamos IA em muitos serviços, muitas vezes sem nos darmos conta", afirmou.
Farias aproveitou a oportunidade para mapear, em tempo real, o nível de familiaridade do público com ferramentas como ChatGPT, Gemini e Notebook LM, todas ligadas a sistemas de IA generativa.
Uma enquete rápida, com mãos levantadas, revelou que parte dos participantes já utiliza esses recursos, ainda que nem sempre de forma consciente ou institucionalmente segura.
O diretor chamou a atenção para a importância de se utilizar plataformas contratadas oficialmente pelo Tribunal, a fim de garantir proteção de dados e confiabilidade dos resultados.
"A IA pode ser uma aliada imensa no nosso trabalho. Mas é essencial termos cuidado com as ferramentas que usamos. O tribunal já oferece soluções contratadas e seguras, e é nelas que devemos apostar", ressaltou.
Conhecer a onda para não tomar caldo
Na sequência, Frederico Oliveira Cardoso aprofundou o conteúdo, trazendo uma distinção clara entre algoritmos convencionais e inteligência artificial. Explicou como robôs utilizados no projeto Automatiza TRT operam de forma determinística — com respostas sempre iguais para condições iguais —, mas destacou que a IA vai além, sendo capaz de aprender padrões, lidar com incertezas e tomar decisões em contextos mais complexos.
Para ilustrar, Frederico apresentou imagens divertidas de comparações enganosas entre muffins e chihuahuas ou entre rosquinhas e filhotes enrolados. “Como ensinar um sistema a distinguir isso com regras fixas? É aí que entra a IA, com modelos que aprendem com exemplos”, explicou.

A atividade seguiu com exercícios em grupo, permitindo que os participantes refletissem sobre aplicações práticas no contexto do TRT-RS. A organização das cadeiras em círculos — e não em fileiras — estimulou a troca de ideias. A proposta era clara: pensar a tecnologia não apenas como ferramenta, mas como parte de uma cultura institucional de inovação e colaboração.
De volta à prática
Entre as reflexões propostas estava o uso responsável e estratégico da IA no Judiciário. Frederico destacou soluções já implementadas no Regional, como o sistema Galileu e o Pangea — premiado nacionalmente —, reforçando que inovação exige conhecimento técnico, visão institucional e, principalmente, pessoas engajadas.

"A gente está vivendo um momento de várias ondas. Algumas pequenas, outras enormes. E precisamos entender essas ondas para não tomar um caldo. Nosso papel é surfar essa transformação com consciência e responsabilidade", disse.
Ao final do turno, participantes relataram entusiasmo e curiosidade com o tema. Para muitos, a oficina foi um marco no processo de inserção mais segura, estratégica e crítica da inteligência artificial nas rotinas de gestão.
A chefe da Divisão de Projetos de TI, Deise Alexandra Koerber, destacou que, mesmo sendo da área de tecnologia, se surpreendeu com as novidades apresentadas.
“O interessante é que, mesmo sendo da área de TI, tem muita novidade pra gente, pra quem não está nessa parte do desenvolvimento”, contou.
Diz que passou a conhecer melhor o Notebook LM, ferramenta que pretende adotar em sua rotina, e já utiliza outros recursos baseados em IA no dia a dia.
“Uso bastante o Gemini, uso o ChatGPT para situações de trabalho. Até a escrita de e-mails, ou um texto que vai ser enviado para algum colega em algum projeto, são bastante melhorados com o uso da IA”, relatou.
Deise também elogiou o envolvimento de pessoas de outras áreas: “É bacana ver o interesse das pessoas das áreas. Isso certamente vai afetar o trabalho de todo mundo e vai otimizar os processos”, projeta.
Já Walter Mendes de Oliveira, assessor do desembargador Luiz Alberto de Vargas, ressaltou o tom acessível e instigante da oficina. “Foi uma abordagem muito legal, que tratou de conceitos complexos de forma simples e direta”, avaliou.
Para ele, o grande mérito da atividade foi despertar o interesse dos gestores para o tema.
“Achei ótimo o conteúdo, principalmente porque tratou de aplicações reais da IA e deixou claro que não se trata apenas de algo técnico ou para especialistas. É uma discussão para todos”, comentou.
Walter também reforçou a importância de seguir investindo em capacitação: “Eventos como esse ajudam a construir uma cultura institucional de inovação. A gente precisa disso para avançar com segurança”.
Se depender da reação dos gestores e gestoras que estiveram na atividade, o futuro do TRT-RS com IA será não só mais eficiente — mas também mais colaborativo e consciente. Como bem disse a SARA, “ninguém inova de barriga vazia, mas também ninguém inova sozinho. Então, vamos juntos”.