Cuidar de si e dos outros: palestra sobre acolhimento encerra o 28º Encontro de Gestores e Gestoras do TRT-RS
A manhã desta sexta-feira (28/6), em Canela, foi marcada por uma conversa profunda e acolhedora que encerrou com sensibilidade e propósito o 28º Encontro Anual de Gestores e Gestoras do TRT-RS.
A psicóloga Arieli Groff conduziu a palestra “A Importância do Acolhimento: Como lidar com as demandas emocionais e comportamentais das equipes”, propondo uma reflexão sobre o cuidado com a saúde emocional em tempos de performance, metas e sobrecarga. A palestra foi mediada pela servidora Nadir da Costa Jardim.
Antes, foi realizada uma dinâmica de troca de experiências entre colegas, que permitiu o compartilhamento de boas práticas de gestão, vivências desafiadoras e soluções criativas adotadas nas unidades da Justiça do Trabalho gaúcha.
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Inquietações
Com um estilo próximo, direto e, por vezes, bem-humorado, Arieli dividiu com o público inquietações e saberes colhidos em sua trajetória profissional e pessoal.
“Esse encontro fala de encontros que transformam”, destacou logo no início. Segundo ela, o cuidado com a saúde mental — expressão que ela mesma questiona por considerá-la limitada, já que “tudo é saúde” — passa necessariamente pela atenção ao que está ao nosso alcance: as relações e a forma como lidamos com as emoções.
Interação
Durante a palestra, Arieli interagiu com o público, que participou com perguntas, comentários e também em dinâmicas propostas pela psicóloga, como exercícios de respiração, atenção plena e escuta do corpo. “Não existe saúde mental sem que a gente aprenda a dizer ‘não’”, afirmou. Para ela, comunicar limites é um dos três pilares fundamentais do equilíbrio emocional, ao lado do reconhecimento das emoções e da tomada de decisões conscientes.
Desaprendizado
Ela lembrou que aprendemos desde cedo a silenciar sentimentos. “Meninos não choram, meninas não podem expressar raiva. A gente recebeu uma deseducação emocional e agora tem o trabalho de desaprender para reaprender”, apontou, arrancando risos compreensivos da plateia.
O desafio, conforme explicou, é maior para mulheres, que muitas vezes são rotuladas de “bravas” ou “difíceis” ao estabelecerem seus limites — ao passo que atitudes semelhantes são vistas como sinal de firmeza nos homens.
Sobrecarga
O excesso de cobrança e a cultura da produtividade, segundo Arieli, têm adoecido as pessoas.
“A gente está confundindo estar sempre ocupado com ser bem-sucedido. Ninguém dá conta de tudo, o tempo todo”, disse. Ela citou dados preocupantes sobre o avanço de doenças como a depressão e o burnout, chamando atenção para o impacto do trabalho na saúde emocional.
Transformação
Mas o caminho não é de desesperança: para a psicóloga, a transformação começa no indivíduo. “Quando eu tomo consciência e me modifico, e o outro também, vamos criando redes de transformação. Somos seres interdependentes. É nas relações que a gente se deforma, mas também é nelas que a gente se reforma”, afirmou.
Presença
Em um dos momentos mais simbólicos do encontro, Arieli compartilhou uma experiência pessoal com sua filha e o quanto ela mesma precisou aprender a desenvolver o que chama de “estado de presença” — a capacidade de estar inteira no momento presente.
“Eu estava amamentando e, para otimizar o tempo, mexia no celular. Um dia, meu marido disse: ‘Tu viu o sorriso que ela deu?’. E eu não tinha visto. Aquilo me marcou. Eu decidi que não queria mais perder esses momentos”.
Consciência
Ela propôs, então, dois exercícios simples de atenção plena: observar detalhes ao redor, como cores e formas, e inverter a ordem do banho.
“Pode parecer bobagem, mas não tem como fazer sem estar presente”, garantiu. O corpo, segundo ela, é um grande comunicador do nosso estado emocional — e aprender a ouvi-lo é parte do processo de reconexão.
Encerramento
A palestra foi a última atividade do Encontro Anual de Gestores e Gestoras do TRT-RS, que teve como tema “Encontros que transformam”. Ao longo dos três dias de evento, os participantes vivenciaram momentos de escuta, aprendizado coletivo e integração. O encerramento, com a fala de Arieli Groff, sintetizou essa proposta: olhar para dentro e ao redor, com atenção, coragem e gentileza.
Até o ano que vem, pessoal!!!