Artigo: "Justiça e diálogo social em tempos de pandemia", de autoria do desembargador Francisco Rossal de Araújo
Texto originalmente publicado no jornal Zero hora, edição de 21 de julho de 2020.
No atual quadro de pandemia, a Justiça do Trabalho do Rio Grande do Sul tem colaborado para a conciliação entre os objetivos de salvar vidas e salvar a economia, atuando em várias frentes e de várias maneiras.
Embora com alguns prazos processuais suspensos por motivo de força maior, a instituição faz um enorme esforço para manter o ritmo de trabalho. Isso só foi possível por conta do processo eletrônico, que permite o trabalho remoto e a realização de audiências, sessões do tribunal e atos urgentes, sem a presença física das partes. Também estão sendo feitos projetos específicos como, por exemplo, mutirões para prolação de sentenças, convocação de juízes para acelerar o julgamento de recursos e a semana de conciliação virtual.
Em outra frente, houve grande número de mediações em conflitos coletivos envolvendo a saúde dos trabalhadores, greves e conciliações em despedidas massivas. Foi potencializado o diálogo entre empregados e empregadores por meio de dezenas de audiências, onde puderam expor suas pretensões e suas dificuldades. Estima-se que mais de 350 mil trabalhadores foram beneficiados com medidas como fornecimento de equipamentos de proteção, máscaras, álcool gel e medidas de distanciamento social no ambiente de trabalho. Mesmo quando não foi possível preservar os empregos, procurou-se garantir o pagamento de parcelas rescisórias de forma digna e efetiva.
Também para as empresas a atuação da Justiça do Trabalho é imprescindível. Temas como as negociações para redução de jornada/salário, suspensão dos contratos de trabalho, banco de horas e parcelamento de parcelas rescisórias são fundamentais para manter a viabilidade dos empreendimentos econômicos e a manutenção dos empregos. É possível evitar bancarrotas e manter a esperança na recuperação da economia.
Saúde e economia não são excludentes desde que haja diálogo e colaboração. A Justiça do Trabalho gaúcha seguirá de portas abertas para receber trabalhadores e empresários interessados em soluções concretas para seus problemas. Serão recebidos com imparcialidade e respeito, buscando a realização da Justiça Social.
Francisco Rossal de Araújo
Desembargador Vice-Presidente do TRT da 4ª Região