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Publicada em: 22/11/2019 20:20. Atualizada em: 02/12/2019 17:01.

Fórum Antirracista: debate com o público aborda experiências pessoais e combate ao racismo

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A manhã do 1º Fórum Aberto de Educação Antirracista do TRT4, realizado nessa quinta-feira (21/11), foi encerrada com um espaço para perguntas e debates, estimulando o público a compartilhar suas experiências pessoais e visões sobre o tema. As falas foram mediadas pelo músico e servidor Vladimir do Nascimento Rodrigues, pela servidora Milena de Cassia Silva de Oliveira, pela dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal e do Ministério Público da União no RS (Sintrajufe-RS), Adriane Carvalho Becker, e pelo ex-árbitro de futebol Márcio Chagas da Silva. O evento ocorreu no Auditório Ruy Cirne Lima, no Foro Trabalhista de Porto Alegre.

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Na abertura da roda de conversas, Vladimir Rodrigues ressaltou que pessoas não negras também precisam se interessar pelo tema do racismo. “Esse tipo de ação não é voltada só para os negros. Também precisamos entender o que é a branquitude e como surge o racismo. Essa questão não é só nossa, é de toda a sociedade”, refletiu. Milene de Oliveira comentou que os negros representam apenas 3% dos servidores e magistrados em todo o Judiciário Federal (Justiça do Trabalho, Justiça Federal e Justiça Eleitoral) e o Ministério Público da União. A servidora também reforçou a importância da participação de não negros no evento. “Somos nós, negros, que sofremos o racismo, mas não somos nós que o praticamos. Fico feliz em ver o auditório lotado, porque sei que as pessoas não negras que estão aqui reconhecem seus privilégios, sua educação racista, e sei que de alguma forma elas estão tentando não só não serem racistas, mas também serem antirracistas”, declarou. 

A seguir, o debate foi aberto para participação do público. A dirigente do Sintrajufe-RS Ana Naiara Malavolta Saupe reforçou que a luta contra o racismo exige uma atuação direta. “Como branca antirracista, gostaria que os brancos e brancas se dessem conta de que é necessário reagirmos ao racismo quando o presenciamos, devemos nos colocar ao lado do povo negro, devemos ser proativos nisso”, comentou. 

A estudante de Direito da UFRGS Dolores Silveira falou que sofreu episódios de racismo desde o primeiro ano do ensino fundamental. “A importância da educação antirracista é a de mostrar para as crianças negras que elas têm as mesmas possibilidades que as brancas, isso me foi tirado. Eu só ingressei na Faculdade com quase 50 anos. As pessoas diziam que aquele lugar não era para mim. Quando eu era criança e dizia que queria ser juíza, não era incentivada. Temos que mostrar para as crianças negras que elas podem ser o que elas quiserem”, afirmou. 

O músico e servidor aposentado Jorge Cidade questionou os mediadores e o público sobre como eles enxergam a percepção do preconceito racial sobre as classes e a cultura. Márcio Chagas respondeu que existe um apartheid racial na cultura. “Os locais onde nos concentrávamos em Porto Alegre foram acabando. O Carnaval, por exemplo, saiu do centro da cidade e foi jogado para o Porto Seco. O desfile do 20 de setembro continua acontecendo nas áreas centrais, o de 7 de setembro também. Mas a cultura negra sofreu uma higienização racial, foi jogada para longe”. O servidor Paulo Rogério falou sobre a relação entre o racismo e as classes sociais. “Quando o negro ascende socialmente, acaba tendo que se embranquecer para poder ser aceito porque ele não vê mais ninguém igual a ele a seu redor. Então ele muda seu penteado, sua forma de se vestir. O racismo perpassa a sociedade inteira”, observou. 

A juíza do Trabalho Gabriela Lacerda falou sobre as pesquisas que realizou para sua dissertação de mestrado, na qual abordou o tema da branquitude. “Há muitos elementos que o branco precisa trabalhar para o enfrentamento do racismo. Por exemplo: ele não pode se colocar numa posição hierárquica em relação ao negro, se enxergar como um salvador, porque isso reforça a estrutura de opressão social. O branco precisa refletir a partir de sua identidade branca, se perceber como parte de um grupo opressor, que ocupa um posição de privilégio”, refletiu. 

A servidora da Justiça Federal e dirigente do Sintrajufe-RS Adriane Carvalho Becker comentou que também é preciso conversar com as crianças negras sobre os padrões de beleza para o enfrentamento do racismo. “Sempre nos foi imposta a ideia de que o bonito é o cabelo que cresce para baixo, mas o nosso cresce para cima. Hoje essa questão ainda é pauta. Ainda precisamos fazer esse trabalho de construção, desde o início, ensinar as crianças que também é lindo a boca mais carnuda, o cabelo com mais volume, para que no futuro o racismo doa menos”, declarou. 

A servidora Roberta Liana Vieira afirmou que se sente incomodada quando os negros são definidos exclusivamente pela dor que sofrem. “Antes de resistir, a gente existe. Como diz o Emicida, se minhas cicatrizes precisam falar antes de mim, isso diz mais sobre ti do que sobre mim. Precisamos concentrar forças em resgatar nossa história, dos negros que vieram antes de nós, do que temos para ensinar sobre a ancestralidade e a oralidade, por exemplo. Pessoas negras, homens e mulheres, têm uma excelência em produção intelectual. Precisamos falar sobre isso”, refletiu.

Ao final dos debates, a servidora Gládis Carita Marques destacou o papel da educação para a luta antirracista e a importância da formação de coletivos negros. “Se existe um coletivo negro aqui dentro do TRT-RS, é porque existem negros dispostos a lutar por essa causa. Esses coletivos devem existir em todos os locais, como nas escolas, nos outros órgãos, nas faculdades privadas, ou nas empresas.  Eu aprendi que é preciso a gente estar dentro do espaço do branco para mudar de dentro para fora. Só de dentro a gente pode explicar, ensinar. Quando estamos dentro das Instituições isso é possível”, concluiu. 

O 1º Fórum Aberto de Educação Antirracista do TRT4 foi promovido pelo Coletivo de Servidores Negros e Negras do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-RS), pela Escola Judicial e pelo Comitê Gestor de Equidade de Gênero, Raça e Diversidade da instituição, no Auditório Ruy Cirne Lima do Foro Trabalhista de Porto Alegre. O evento contou com palestras, debates e atividades culturais, oferecendo um espaço de aprendizagem para o combate ao racismo a partir da educação.

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Fonte: texto de Juliano Machado e Guilherme Villa Verde , fotos de Guilherme Villa Verde (Secom/TRT-RS)
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